Câmara

Bancada do PMDB firma posição pelo impeachment, mas não fecha questão

Quem decidir votar com o governo não será punido nem afastado da sigla, podendo se manifestar da forma que preferir neste domingo

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Leonardo Picciani, mantém posição favorável ao governo

Brasília – O PMDB deixou nítida a divisão da sigla em reunião realizada hoje (14). Ficou acertado que, oficialmente, a posição é pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff, mas os peemedebistas não fecharam questão. Sendo assim, os deputados que demonstrarem disposição em votar contra ao impeachment, a chamada “ala governista do PMDB”, poderão tomar a iniciativa sem que isso tenha consequências mais drásticas posteriormente, como punição ou até mesmo expulsão.

A decisão deu um pouco mais de alívio para os integrantes da base aliada, que dizem contar com o apoio de peemedebistas que se dizem favoráveis ao governo na votação do próximo domingo (17). Ao mesmo tempo, foi criticada por aqueles que consideraram “branda” a posição. O deputado José Prianti (PMDB-PA), da ala oposicionista da legenda, disse que vários parlamentares defenderam uma posição mais dura, mas chegaram à conclusão de que “isso só poderia ser decidido pela executiva nacional do partido”.

Na prática, a reunião do PMDB na Câmara foi uma espécie de imposição do atual presidente nacional da sigla, senador Romero Jucá (RR), que gostaria de pressionar os deputados a fechar questão em torno do tema, pelo impeachment. Mas o resultado não caminhou dessa forma, embora não se saiba quantos votos o governo tenha garantidos em apoio à presidenta Dilma, nem se serão suficientes. Conforme a contagem dos mais otimistas, pode passar de 20. Em outras avaliações, pode não chegar a dez.

‘Como líder’

O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), que diz ser favorável ao governo – mas tem seu pai, o deputado estadual fluminense Jorge Picciani, trabalhando pelo vice-presidente, Michel Temer, e numa tendência pró-impeachment – afirmou que, conforme o acertado, ele manterá seu posicionamento. Picciani contou que vai se manifestar como líder durante a votação. Ele explicará que a decisão da legenda foi no sentido de ser orientada a posição favorável ao impeachment, mas que não houve questão fechada quanto ao tema. E que, pessoalmente, enquanto deputado, seu voto será contrário ao afastamento da presidenta.

Picciani líder reconheceu que hoje vê 90% dos peemedebistas na Câmara favoráveis ao impeachment, motivo pelo qual ele não pode se afastar da sua condução de líder. Nos bastidores, muitos consideram as declarações uma forma de o deputado se justificar ao Palácio do Planalto caso não consiga o total de votos que disse, inicialmente, que obteria para ajudar o governo nesta votação.

O PMDB saiu oficialmente da base do governo no final de março, mas dos sete ministros peemedebistas no Executivo, apenas um, o do Turismo, Henrique Eduardo Alves (RN), pediu para sair. Os outros seis continuam nos seus cargos e apoiando o governo – e alguns deles foram exonerados apenas nesta quinta-feira, para voltar ao Congresso e votar favoráveis ao governo.

Também muitos cargos no segundo e terceiro escalões ocupados por peemedebistas continuam sem alterações – embora alguns mais significativos tenham sido trocados. É com essa dissidência que os integrantes da articulação política dizem contar para fazer a diferença nos próximos dias, na contagem dos votos.

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