conselho de ética

Dinheiro que teria Cunha como destinatário era ilícito, diz empresário

'O contrato firmado entre minha empresa e a Vigela era fictício. O dinheiro, portanto, é ilícito', afirmou o proprietário do Laboratório Labogen, no Conselho de Ética

Nilson Bastian / Câmara dos Deputados

Leonardo Meirelles é testemunha arrolada pelos partidos Psol e Rede

Brasília – O deputado Marcos Rogério (DEM-RO), relator do processo contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, questionou hoje (7) o proprietário do Laboratório Labogen, Leonardo Meirelles, se os recursos enviados a suas empresas no exterior tinham origem lícita ou ilícita. 

“As transferências financeiras que teriam partido do empresário Júlio Camargo para suas empresas em Hong Kong e, posteriormente, em uma outra transação, esses recursos teriam entrado no Brasil e teriam como destinatário o senhor Eduardo Cunha, como o senhor afirma ter ouvido de Alberto Youssef. Esse dinheiro era lícito ou ilícito?”, indagou.

Em resposta, Meireles disse que o dinheiro destinado pela Vigela Associated (de Júlio Camargo) a suas empresas era de origem ilícita. “O contrato firmado entre minha empresa e a Vigela era fictício. O dinheiro, portanto, é ilícito”, afirmou.

Por sua vez, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) perguntou se poderia dizer que todo o dinheiro movimentado pelas empresas não foi declarado. “Não, até porque eu fui responsabilizado por isso”, respondeu Meirelles. 

O deputado Sandro Alex (PSD-PR) questionou a testemunha sobre o valor total de recursos movimentados por suas empresas em cerca de 4 mil operações. Em resposta, Meirelles disse que suas empresas movimentaram cerca de US$ 140 milhões.

Alex então questionou se Alberto Youssef chegou a comentar se os US$ 5 milhões, supostamente repassados a Eduardo Cunha, tinham como objetivo quitar dívidas envolvendo contratos da Petrobras. 

“Sim, porque, no principio das operações, as empresas de fachada usadas pelo Youssef eram prestadoras de serviço das empreiteiras e, por conta disso, a origem dos recursos foi a emissão de nota fiscal em contratos fictícios”, declarou. “Aí no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e no Banco Central, as informações vão sendo cruzadas e haverá mais informações ao longo do tempo”, completou.

A reunião foi encerrada há pouco.