Suprema corte

Deputados cobram do STF que se posicione sobre Eduardo Cunha

Em discurso no Plenário, Silvio Costa disse não entender por que Supremo não se pronuncia sobre caso do presidente da Casa, já que ele é réu, e Paulo Pimenta afirmou que tribunal não pode mais silenciar

Dorivan Marinho/STF

Há um mês, por unanimidade, Plenário do tribunal transformou Eduardo Cunha em réu, mas ficou nisso

São Paulo – Às vésperas da votação do impeachment pela Câmara dos Deputados, que provavelmente será na segunda quinzena de abril, deputados federais voltam a dirigir um apelo ao Supremo Tribunal Federal para que afaste Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Casa. Em discurso na tribuna no início da tarde de hoje (6), o deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) pediu à Suprema Corte que tome alguma medida.

“Eduardo Cunha é réu. Eu sei que o Supremo tem a agenda dele, mas não dá pra entender por que ele ainda não julgou isso. Amanhã, a presidente Dilma vai para a Argentina, o vice Michel Temer vai para o Chile, e Eduardo Cunha não pode assumir, porque ele é réu. A Constituição diz que réu não pode assumir”, disse Costa.

No início de março, por unanimidade, o STF decidiu transformar Eduardo Cunha em réu de uma ação penal, sob a acusação dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Silvio Costa chamou a atenção para o fato de que a prepotência e arrogância do presidente da Câmara têm sido ignoradas durante a crise política. “Esse homem disse: ‘eu vou cair, mas primeiro eu vou derrubar a presidente’. Pois ele não vai derrubar a presidente. Aqui tem homens e mulheres que foram eleitos para respeitar a Constituição”, declarou.

Ele também atacou o deputado Jovair Arantes (PRG-GO), que apresenta relatório favorável ao impeachment de Dilma Rousseff na comissão especial encarregada de julgar o impeachment. “Jovair Arantes acaba de entrar para a história como um golpista. Um relator que pede a cassação de uma presidente é fazer o jogo de Eduardo Cunha, um jogo menor, rasteiro, antidemocrático, que não merece respeito”, disse. “Impeachment está na Constituição, é legítimo, mas só pode existir quando o presidente comete crime. A presidente não cometeu crime.”

Ontem, o deputado Chico Alencar (Psol-RJ) disse à RBAque esperava um parecer contrário ao governo por parte do relator da comissão especial. “Naquela comissão há um jogo de cartas marcadas. Tenho quase certeza que é um relatório já preparado, inclusive com orientação de Eduardo Cunha”, afirmou.

Hoje pela manhã, o deputado federal Paulo Pimenta também pediu ao STF que se posicione a respeito. “Cunha não reúne condições jurídicas, morais e políticas para presidir esse processo. Desde dezembro, o STF recebeu pedido do Ministério Público Federal para afastá-lo. O STF não pode mais silenciar diante deste pedido”, escreveu o petista em sua conta no Twitter.

Em 15 de dezembro, um grupo de 50 deputados de PT, Rede, PSB e Psol enviou carta aberta aos ministros do STF, na qual pediam que o tribunal afastasse o presidente da Câmara.

Leia também

Últimas notícias