Comissão do Impeachment

Cardozo inicia defesa de Dilma em sessão marcada por bate-boca

Deputados acusam uns aos outros, reclamam de uso do tempo para outras abordagens e comparam celeridade dos trabalhos com atraso da apreciação do processo contra Cunha no Conselho de Ética

Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados

Antes de iniciar o discurso, Cardozo entregou a defesa escrita de Dilma ao presidente da comissão

Brasília – O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, começou a fazer a defesa da presidenta Dilma Rousseff na comissão especial que aprecia o pedido de impeachment na Câmara dos Deputados. Antes de iniciar o discurso, ele entregou ao presidente da comissão, Rogério Rosso (PSD-DF), a defesa escrita de Dilma.

A fala do advogado-geral foi precedida de muita confusão nesta segunda-feira (4); vários parlamentares falando ao mesmo tempo, trocas de farpas e cartazes com a frase “Não vai ter golpe”.

Tanto a base aliada como os oposicionistas acusam uns aos outros de estarem à beira do desespero, com a tramitação do processo. Como não puderam se manifestar sobre os depoimentos dos juristas autores do pedido de impeachment na última semana, uma vez que logo após a fala dos dois (Janaína Pascoal e Miguel Reale Júnior), a sessão teve de ser encerrada, os integrantes da comissão aproveitaram para fazer suas colocações nesta segunda-feira.

“Quando tivemos aqui os acusadores (referência aos dois juristas), eles falaram sobre temas que não foram incluídos no pedido de impeachment, como a questão da refinaria de Pasadena. Se esses juristas, que são tidos como bons advogados, deparassem com uma situação assim numa causa defendida por eles, certamente tomariam as devidas providências”, reclamou o deputado José Mentor (PT-SP).

Já a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) disse que é estranha a maneira seletiva como são tratadas e abordadas as diversas denúncias na comissão. “Falaram à exaustão em acusações da delação premiada de Delcídio do Amaral até ela chegar nos políticos da oposição. Quando esses políticos foram denunciados, o assunto deixou de ser notícia”, ironizou.

Por outro lado, o deputado Marcelo Aro (PHS-MG) criticou o fato de estarem sendo renegociados cargos nos ministérios e no segundo escalão do governo porque, a seu ver, isso era uma forma de cooptar os parlamentares a votarem contra o impeachment. “Trata-se de uma forma de protelar os trabalhos. Os deputados estão aproveitando esse espaço para falarem sobre qualquer coisa. O tema é o processo de impeachment”, queixou-se Jerônimo Goergen (PP-RS). “O senhor me respeite”, rebateu Marcelo Aro.

Outro embate foi observado depois que o deputado Walmir Assunção (PT-BA) fez uma comparação entre o processo de impeachment, que está sendo conduzido com o máximo de celeridade, e o processo que investiga o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no Conselho de Ética, que durou cinco meses para ter sua admissibilidade aprovada. “Isto é um absurdo”, ressaltou.

Assunção disse que o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT), que já foi citado em denúncias feitas em ações na Justiça, deveria se preocupar com um advogado para fazer a sua própria defesa e não em contestar a defesa da presidenta Dilma Rousseff. “Não vou me rebaixar ao seu nível, até porque as denúncias contra mim foram arquivadas, mas quero que saiba que eu conheço os seus podres”, respondeu Leitão.

É neste ambiente, de acusações, denúncias e início de brigas, que está sendo realizada a sessão. Neste momento o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, dá início ao protocolamento da defesa da presidente e à primeira parte da sua leitura.

Leia também

Últimas notícias