impeachment

Berzoini: ‘Conversas no Congresso são diretas e transparentes’

Ministro minimizou notícias sobre saída de partidos do governo e afirmou que base aliada é montada “de muitas maneiras”, podendo contar com parlamentares de siglas mais afastadas do Executivo

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Berzoini tentou passar uma mensagem otimista sobre o processo de impeachment

Brasília – Em entrevista concedida logo após solenidade de assinatura de um contrato do Executivo para licitação no setor de portos, o secretário de Governo, ministro Ricardo Berzoini, disse hoje (13) que está diretamente empenhado nas articulações políticas com o intuito de barrar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Afirmou que o diálogo a respeito é direto e transparente. Sobre a contagem de votos favoráveis a Dilma, ressaltou que o Congresso “entende muitas linguagens” e procurou minimizar a saída de partidos da base aliada nos últimos dias.

De acordo com o secretário de Governo, existe entendimento, por parte de muitos deputados, de que há improcedência “num pedido de impeachment que só foi acolhido por conta de vingança pessoal do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)”. O Planalto também conta com uma margem de parlamentares em quem confia que votará no sentido de apoiar a presidenta Dilma Rousseff.

Na avaliação dele, o propósito do relatório do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) que foi aprovado pela comissão na segunda-feira (11) é “a politização do mérito”, porque o relatório “não traz nada de consistente contra a presidenta, só faz considerações políticas”.

O ministro comentou também as declarações dadas pela presidenta de que, após o processo do impeachment, buscará uma repactuação do governo com todos os setores da sociedade. Ao falar a respeito,  indagado sobre um possível diálogo entre a presidenta Dilma Rousseff e o vice-presidente, Michel Temer (no caso do impeachment ser superado e a presidenta mantida no cargo), afirmou que nada impede isso,  mas não vê clima para esse encontro hoje.

“Quando se fala em ampla união por parte do governo com todos os setores isso significa procurar dialogar com todos, claro. Mas quando avaliamos o clima hoje, não vejo que é o momento para esse diálogo com o vice-presidente, embora eu não veja nenhum impedimento para que isso aconteça no futuro, com muito respeito”, destacou.

‘Exemplo do PMDB’

O ministro também falou sobre o desembarque dos partidos da base aliada (PMDB, PP e PRB). Segundo ele, o melhor exemplo de como ficou o cenário político com a saída de aliados do governo foi “o observado no PMDB”, que, em sua avaliação, não teve o impacto esperado pelos peemedebistas. “O PMDB realizou uma reunião de três minutos para comunicar sua saída e, no entanto, continuamos tendo vários ministros peemedebistas que permanecem em seus cargos e integrando a equipe do Executivo”.

Ele acrescentou que três desses ministros, inclusive, estão voltando para a Câmara, para “colaborar com esse processo de impeachment, no debate político”: Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), Marcelo Castro (Saúde) e Mauro Lopes (Aviação Civil).

“Não há uma forma de se compor a base de apoio. Mesmo que haja problemas nessa base nós podemos construí-la e ter parlamentares de partidos que não são aliados do governo integrando a equipe. O que acontece é que querem suprimir a vontade do povo para transformar o processo de impeachment numa eleição indireta”, disse o ministro.