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Marcia Tiburi: ‘Ataques à democracia são do nível de um estupro político’

Feministas prestam solidariedade a Dilma e reafirmam que ataques contra a presidenta são representação do machismo presente na sociedade

Blog do Planalto

Filósofa Marcia Tiburi comparou as agressões a Dilma com as violências sofridas todos os dias pelas mulheres

São Paulo – Em encontro realizado na manhã de hoje (7), no Palácio do Planalto, em Brasília, Dilma Rousseff recebeu representantes de organizações, movimentos de luta pelos direitos das mulheres e intelectuais, em ato de sororidade (solidariedade entre mulheres). Elas classificaram os ataques à presidenta dirigidos como uma agressão a todas as brasileiras. “Os ataques à democracia, neste momento, são do nível de um estupro político”, afirmou a filósofa e escritora Marcia Tiburi, representando o #partidA, movimento que preconiza maior participação das mulheres na política.

Alessandra Costa Lunas, coordenadora-geral da Marcha das Margaridas, mulheres do campo associadas à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), repudiou os ataques de cunho machista promovido pela revista IstoÉ, que, em reportagem de capa retratou Dilma como desequilibrada, comparando-a a d. Maria I, conhecida como “A Louca”, rainha de Portugal. “É com profundo sentimento de indignação que queremos repudiar atos, como o da revista IstoÉ, que atenta contra cada uma de nós. Não admitimos isso. Somos todas Dilma, somos todas margaridas.”

Rita Sipahi, representando as mulheres anistiadas, lembrou dos tempos da ditadura, quando foi colega de prisão da presidenta, e afirmou que a campanha movida por opositores, com acusações “infames”, “revelam toda a extensão do preconceito de gênero”.

Em nome das mulheres do movimento sindical, Junéia Martins Batista, da CUT Mulheres, também lembrou da luta das mulheres contra a ditadura. “Tivemos muitas companheiras marcadas na época da ditadura, que perderam suas vidas para que nós pudéssemos eleger uma presidenta. Queremos outras mulheres presidentas. A tentativa de destitui-la representa retrocesso na vida de todas as mulheres”, afirmou. Ela também classificou a revista IstoÉ como machista e misógina. “Lutaremos para ter mais mulheres nos espaços de poder.”

Socorro Gomes Coelho, do Conselho Nacional da Paz, afirmou que os que querem retirar Dilma fazem parte de uma turma que cultiva o ódio e recusa o diálogo. “A paz existe quando existe justiça, quando existe respeito. Nós sabemos que podemos contar com a presidenta na luta pela paz.”

Sonia Coelho, representante da Marcha Mundial das Mulheres, também repudiou a violência sexista nos ataques que Dilma vem sofrendo. “Quando ataca uma mulher no poder, ataca todas nós brasileiras. Somos parte dessas mulheres que estão nas ruas dizendo que não vai ter golpe.”

Para Jolúzia Batista, da Articulação das Mulheres Brasileiras, os ataques a Dilma também refletem a violência vivida diariamente por todas as mulheres. “A disputa travada pelo movimento feminista desnuda as posturas machistas, racistas e anti direitos humanos que identificamos nos mais diversos setores da nossa sociedade. Os episódios de escárnio, misóginos, contra a mulher presidenta são a posição exacerbada dessas posturas que têm base no preconceito e na intolerância que grassa em setores conservadores. A ofensiva conservadora nos submete a torturas diárias pelos retrocessos que consegue alcançar. A direita fundamentalista, racista e patriarcal não vai nos intimidar.”

A socióloga e integrante da Marcha das Mulheres Negras, Vilma Reis, também afirmou que o machismo patente contra a presidenta Dilma representa a tentativa de calar todas as mulheres. “Não podemos permitir que, no estado brasileiro, eles tentem nos impor a humilhação, que tentem calar a nossa voz.” Vilma também cobrou o marco regulatório dos meios de comunicação, que garanta a democracia no setor, e também cobrou a existência de mecanismos de controle externo no Judiciário.

Ao fim das manifestações, a secretária especial das Mulheres, Eleonora Menicucci, leu palavras de apoio de Margarida Genevois, integrante da Comissão de Justiça e Paz de São Paulo e conselheira do Instituto Vladimir Herzog, que denunciou “todo tipo de saída golpista, assim como todo preconceito à presidenta Dilma”, e da filósofa Marilena Chaui, que frisou se tratar de um processo de “desinstitucionalização” a tentativa de impeachment da presidenta que, segundo ela, representa grave violação da Constituição.

As ministras Tereza Campello, do Desenvolvimento Social, e Izabela Teixeira, do Meio Ambiente, também participaram do evento, assim como a senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) e as deputadas Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). Também estavam representadas a Marcha das Mulheres Negras e a Federação do Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fenatraf).


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