Caso Delcídio

Suposta delação aumenta clima de intranquilidade em Brasília

Clima 'não constroi democracia', comenta ministro

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Wagner: “Denúncias infundadas e delações que não são confirmadas. É muito sério tudo isso para a democracia”

Brasília – Notícias desencontradas, fofocas, negativas de denúncias e aguardo de declarações aumentaram o clima de intranquilidade em Brasília, em um dia marcado por instabilidade e perplexidade nos poderes. Palácio do Planalto, Superior Tribunal de Justiça (STJ), Supremo Tribunal Federal (STF), todos reagiram ao vazamento de suposta delação premiada, que teria sido feita pelo senador Delcídio do Amaral (PT-MS), licenciado do cargo.

Há pouco, ao ser abordado pelos jornalistas, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou que o clima que está sendo visto no país nos últimos tempos “não constrói democracia”. “Depois que você execra, é difícil mudar a situação e estamos vivendo um clima de denúncias infundadas e delações que não são confirmadas. É muito sério tudo isso para a democracia”, disse.

Enquanto Delcídio divulgou nota em conjunto com seu advogado dizendo que não confirma ter feito a delação, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, negou que o objetivo do encontro que teve com a presidenta Dilma Rousseff e o ex-ministro e atual advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, em Portugal, no ano passado, tenha tido o objetivo de discutir possíveis interferências na Operação Lava Jato.

Lewandowski confirmou informações feitas por José Eduardo Cardozo de que o tema da reunião foi conversar sobre o veto da presidenta ao projeto que aprovou o aumento dos servidores do Judiciário – veto este que terminou sendo mantido pelo Congresso Nacional e o aumento, barrado.

Já no STJ, o clima interno é de tensão nos gabinetes, embora as sessões do tribunal tenham sido realizadas sob aparente tranquilidade. Nenhum assunto foi comentado durante as sessões das turmas desta tarde e a imprensa aguarda com ansiedade algum comunicado, por parte do ministro Marcelo Navarro e do presidente do tribunal, ministro Francisco Falcão – que pode ser divulgado ainda hoje.

Os dois magistrados foram citados na suposta delação como tendo participado de negociações com o Executivo, que implicaram indicação de Navarro para o tribunal. E, em troca, teria sido garantida decisão, nos processos relatados por ele, para liberar empresários presos na Lava Jato, com o devido apoio de Francisco Falcão.

Situação de Delcídio

Também no Senado, além das declarações de representantes da base aliada e da oposição nos mais variados sentidos, outras notícias dão conta da situação do senador Delcídio do Amaral, propriamente. No gabinete do senador, os assessores não dão informações e se atêm a dizer que ele passou o dia fazendo exames médicos.

Mas em alguns setores do Congresso há informações de que o parlamentar teria retornado a fazer exames hoje, por ter se sentido mal ao saber do vazamento das informações – que ele teria negociado de só ser divulgada depois de seis meses.

Outra informação, também não confirmada, é de que Delcídio teria agendado a data desses exames – que vem realizando desde a semana passada – de forma propositada hoje, para evitar ser encontrado pela imprensa e pelos políticos logo após o vazamento das informações.