Novo script

Paulo Pimenta: ‘Quem patrocina golpe sabe que Lula reforça governo e ajuda Dilma’

Para deputado do PT gaúcho, ida do ex-presidente para a Casa Civil aponta para mudança na política econômica e não ofusca Dilma: 'Estamos preparados para essa tentativa de criar intrigas'

memória/ebc

Para Pimenta, a oposição tende agora a revelar com mais nitidez seu viés autoritário

São Paulo – O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) considera a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao ministério de Dilma Rousseff, confirmada na manhã de hoje (16), um fato positivo que vai “gerar uma mobilização muito intensa no governo, com reflexos na articulação política”. Lula assumirá a Casa Civil, no lugar de Jaques Wagner. Pimenta acredita que a presença do ex-presidente também vai restabelecer laços “fundamentais” com a base social que elegeu Dilma em 2014 e sinaliza para mudanças na política econômica voltada para o crescimento, criação de emprego e distribuição de renda.

Para o deputado, as insinuações do chamado mercado e da mídia tradicional, que apontam para o temor de mudanças na política econômica que os desagrade e, no mínimo, imponha limites ao ajuste fiscal, são até compreensíveis. “O mercado especulativo, aqueles que se alimentam da crise, devem ficar assustados mesmo”, diz. “Isso vai contra o script que eles haviam previsto.”

Pimenta também discorda de que tenham fundamento as opiniões de analistas segundo os quais Dilma ficaria ofuscada pela forte presença de Lulas em seu governo. “Estamos preparados para essa tentativa de criar desavenças e intrigas na nossa base.”

Em sua opinião, a oposição tende agora a “revelar com mais nitidez seu viés autoritário, a tentativa de um golpe”. A oposição promete protocolar ações na Justiça Federal e no Distrito Federal, além de representação junto ao Ministério Público Federal para impedir a posse de Lula.

Sobre a delação do senador Delcídio do Amaral, o parlamentar afirma que ela deveria ser, na verdade, “ser chamada de uma confissão premiada e é um coroamento de um processo de manipulações ilegais que vêm acontecendo com essas delações”.

Como o sr. avalia a ida de Lula ao ministério?

Acho que é um fato positivo que vai gerar uma mobilização muito intensa no governo, com reflexos na articulação política. Vai também proporcionar um ajuste na política econômica, mais voltada pro crescimento, para a geração de emprego, distribuição de renda. Vai restabelecer uma relação de confiança necessária com o setor produtivo, que vai enxergar na presença do Lula um reforço importante para Dilma. E vai restabelecer laços fundamentais com a base social que nos elegeu. Portanto, estamos confiantes e dando total apoio.

Agentes de mercado e a mídia já falam que o mercado pode ficar “assustado” com mudanças na política econômica, uma guinada para uma política mais desenvolvimentista…

O mercado especulativo, aqueles que se alimentam da crise, devem ficar assustados mesmo. A mídia que tem patrocinado esse esforço para um golpe midiático-jurídico no país sabe que a presença do Lula reforça o governo, reforça nossa posição na sociedade, ajuda a Dilma. E isso vai contra o script que eles haviam previsto. A presença do Lula é muito importante para o governo, para o PT e para o Brasil.

Como o sr. vê as avaliações segundo as quais Dilma seria uma espécie de presidente decorativa devido à força do Lula?

Uma visão preconceituosa que não entende a relação de solidariedade e de confiança que existe entre a presidente e o presidente Lula, que integram o mesmo projeto, com os mesmos objetivos. O presidente tem absoluto respeito pela presidente Dilma, sabe do seu papel. Em nenhum momento vai ofuscar a sua responsabilidade e seu papel, e nós estamos preparados para essa tentativa de criar desavenças e intrigas na nossa base. Mas estamos vacinados e sabemos que essa é mais uma tentativa de dividir nosso bloco político, coisa que em nenhuma hipótese acontecerá.

A ida de Lula ao ministério pode interferir na questão do impeachment, que voltou à tona?

Eu acho que a oposição, que já vem revelando o temor de que isso pudesse acontecer, tende a acirrar ainda mais a sua conduta, a sua postura, vai revelar com mais nitidez seu viés autoritário, a tentativa de um golpe. É preciso que haja uma estabilização no cenário político e econômico. A presença do Lula vai precipitar uma solução para essa crise, para que o país possa voltar para a normalidade. É nisso que apostamos. Queremos fazer uma grande mobilização no país dia 18, em apoio a todas essas questões, reforçando a ideia da defesa da democracia e do nosso projeto. Para o Brasil e como sinalização para o mundo vai ser muito positiva a presença do Lula no governo.

Como o sr. avalia a delação de Delcídio do Amaral, que funcionou como uma metralhadora giratória para todos os lados da República?

Acho que a delação de Delcídio deve, em primeiro lugar, ser chamada de uma confissão premiada. O cidadão confessa que participa de crimes e articulações escusas dentro do governo desde os anos 90 na Petrobras. Confessa participação em esquemas de corrupção que tem conhecimento e participou durante anos. Prevaricação às dezenas. Aí ele recebe um milhão e quinhentos mil para pagar em dez anos e por conta disso todos os seus crimes são anistiados e todo o patrimônio que acumulou nestes anos, todos de relações escusas, fica protegido. Então é uma confissão premiada que é um tapa na cara da sociedade brasileira. É um coroamento de um processo de manipulações ilegais que vem acontecendo com essas delações. Sem qualquer prova, sem qualquer consistência, de um indivíduo desesperado, que revela fragilidade de caráter nas suas manifestações e que, do meu ponto de vista, inclusive, envergonha aqueles que em determinado momento tiveram alguma função pública ou política no Brasil.

Mas, segundo juristas, muita gente está presa sem prova atualmente no país…

Faz parte dessa conduta seletiva de setores do poder Judiciário, do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, que se alimentam de situações como essa. A delação de Delcídio é um novo modelo de Justiça que está sendo consolidado nesse processo. A justiça de que o crime compensa.

Pelo que se diz, a oposição vai tentar embargar Lula como ministro em função do que, segundo argumentam, ele estaria bloqueando a Justiça…

Bobagem. O Eduardo Azeredo era deputado quando seu processo foi para o STF, renunciou para ser julgado pela primeira instância, no mensalão mineiro, em Minas Gerais. A Procuradoria federal é uma justiça como qualquer outra. Se o Lula tiver que ter alguma investigação, que seja feita. Só há uma mudança de fórum, sem nenhuma interrupção no Estado democrático e nas funções plenas que a Justiça tem de investigar qualquer cidadão.

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