'Não renunciarei'

‘Os que pedem minha renúncia só asseguram a fragilidade dos seus argumentos’

Presidenta disse que ser vítima de um crime que não cometeu é uma brutalidade, e ela já passou por isso na ditadura. Mas não espera passar novamente porque 'confia nos cidadãos e nas instituições'

roberto stuckert filho/pr

‘Espero ouvir o som do martelo da Justiça sendo batido por magistrados sensatos, serenos e imparciais para que acordem nosso país’, disse Dilma

Brasília – Citando pessoas e episódios tidos como importantes da sua vida, a presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (22), em ato de juristas pela legalidade do país, que “preferia não estar vivendo este momento”, mas que ao mesmo tempo lhe sobram “energia, disposição e respeito à democracia para assegurar a normalidade constitucional e a estabilidade democrática deste país”.

“Estamos num regime presidencialista e para existir o impeachment é preciso ter existido crime de responsabilidade. Se não há esse crime de responsabilidade, o que existe é crime contra a democracia”, afirmou a presidenta. Ela acrescentou ainda que “condenar alguém por crime que não praticou é violência, brutalidade contra uma pessoa”.

“Já fui vítima desse crime uma vez, na ditadura, e agora estou sendo ameaçada outra vez, na democracia. Não renunciarei. Os que pedem minha renúncia só asseguram a fragilidade dos seus argumentos. Não renuncio em hipótese alguma”, ressaltou.

De acordo com a presidenta, o ato realizado por juristas, advogados, professores e estudantes de Direito de todo o país no Palácio do Planalto demonstra o compromisso com a defesa do Estado democrático de direito que está disseminado entre os cidadãos brasileiros. Ela ressaltou ter “a consciência tranquila de não ter cometido qualquer ato ilícito ou crime de responsabilidade”.

Dilma lembrou o ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro Leonel Brizola e sua luta e campanha pela legalidade, em 1961. E afirmou: “Jamais imaginei que tivéssemos um momento que se fizesse necessária uma defesa da legalidade, como estamos fazendo neste encontro, depois do fim da ditadura no país”.

Segundo a presidenta, não importa a arma do golpe que está sendo usada desta vez, pois os procedimentos são semelhantes aos da época da ditadura, quando se dizia que não existiam presos políticos no país e o Brasil estava cheio de presos nos porões militares, uma vez que a “tentativa de distorcer a realidade é a mesma”.

“Espero ouvir o som do martelo da Justiça sendo batido por magistrados sensatos, serenos e imparciais para que acordem nosso país. Sei que as instituições brasileiras estão maduras, mas existe um processo de ruptura sendo forjado e é juntos que vamos combatê-lo, para fazer esse Brasil ir avante. Queremos muito para o Brasil e que sejamos um país firme na defesa da legalidade e do Estado democrático de direito. Por isso tenho certeza de que não vai ter golpe”, destacou.

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