'fazer política'

Chance de ida de Lula a ministério forte de Dilma é ‘concreta’, diz Wagner

Jaques Wagner nega ida para Ministério da Justiça para que Lula assuma Casa Civil, mas não descarta ex-presidente em posto-chave, 'não por foro privilegiado, mas para fazer o que sabe: política'

Reprodução/NBR

Para Wagner, oposição saiu arranhada das manifestações e povo deveria sair às ruas por reforma política

São Paulo – O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, negou hoje (14) que esteja sendo cogitada sua ida para o Ministério da Justiça, desmentindo boatos que circularam hoje na internet. “Eu não vou para a Justiça; só coloco o chapéu onde minha mão alcança”, ironizou, em conversa informal hoje com jornalistas, após a reunião da coordenação política, no Palácio do Planalto. Wagner afirmou, porém, que a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocupar um posto de importância no governo é “real e concreta”, mas não para cuidar da economia e muito menos para se proteger de investigações num privilegiado.

O ex-presidente tem rechaçado essa hipótese e só aceitaria um papel dentro do governo se for para fazer “o que mais sabe”, segundo Wagner: política.

Aos jornalistas, Jaques Wagner reiterou o entendimento de que grande parte da rejeição ao governo se sustenta em decorrência da crise econômica. “O bom ou o mau humor da rua tem a ver com o humor da economia”, disse. “E impeachment não é remédio para crise econômica”, reiterou, ponderando que “não existe mágica nem guinada” na área e descartando que seja possível uma mudança brusca.

“A manifestação de ontem foi expressiva, mas não muda a agenda do governo”, observou o ministro, para quem lideranças da oposição também não tiveram “beneplácito” das ruas. Os principais nomes do PSDB, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, foram vaiados, assim como a senadora Marta Suplicy, eleita pelo PT mas que pulou do barco para outro partido com a imagem muito arranhada, o PMDB, com objetivo de disputar a prefeitura paulistana. “O rei da festa foi o Moro”, disse. “Houve plano traçado pelo Moro de criminalização da política.”

O chefe da Casa Civil relembrou a proposta defendida pela presidenta Dilma após as manifestações de junho de 2013, de que o Brasil precisa de uma profunda reformulação do seu sistema político-eleitoral, tese em que foi abandonada pela base aliada no Congresso, então menos hostil do que a atual. “A mesma pressão que a rua faz contra a corrupção tem de fazer pela reforma política”, defendeu.

Para comparar o impacto dos acontecimentos do fim de semana, Wagner disse que pior do que os protestos teria sido uma eventual decisão do PMDB de oficializar a saída do governo. Em convenção no sábado, o partido reconduziu Michel Temer à presidência e decidiu aguardar um prazo de 30 dias antes de bater o martelo, se fica ou sai.

O ministro rebateu teses que vêm sendo defendidas por setores da economia, de que o governo deveria utilizar parte de suas reservas – de mais US$ 370 bilhões – para avalizar projetos de infraestrutura e atrair novos investimentos. Disse que não há nenhuma decisão sobre mexer nesses recursos, a menos para uma eventual necessidade de evitar calotes.

Boatos

Pela manhã, o site Debate Progressista noticiou que o ex-presidente já teria aceitado assumir a Casa Civil – Wagner iria para a Justiça. Pessoas próximas a Lula não confirmaram a informação, dizendo tratar-se de mais um boato. Ainda segundo o portal, a avaliação feita ontem é de que o ex-presidente já não teria por que temer um desgaste maior do o que já o atingira, e teria ainda influenciado a decisão, um aceno da juíza Maria Priscilla Ernandes Veiga Oliveira de não aceitar o pedido de investigação e de prisão preventiva feito por promotores do Ministério Público de São Paulo.

À tarde, a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo noticiou que Dilma estaria esperando um telefonema do ex-presidente Lula confirmando se ele aceita ser ministro do governo dela. “Lula, no entanto, ainda não anunciou a decisão. Assessores próximos do ex-presidente são contra. Aliados políticos, como o prefeito Fernando Haddad e o presidente do PT, Rui Falcão, defendem enfaticamente que ele aceite”, escreveu.


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