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Para peemedebistas, liderança na Câmara pode influir nos acordos para executiva nacional

Negociação Temer-Calheiros confirmou chapa única à presidência do partido, mas quadro a ser delineado após o dia 17 vai exigir jogo de cintura para acomodar nomes ligados aos dois grupos rivais

memória/ebc

Picciani e Motta na disputa pela liderança do PMDB na Câmara dos Deputados

Brasília – Faltam 15 dias para a eleição da liderança do PMDB na Câmara, marcada para o dia 17, mas para os integrantes da sigla o tempo é curto e emblemático. Isso porque os peemedebistas dão como certo que a eleição funcionará como um termômetro para a confirmação de acordos firmados para a reunião da executiva nacional, que será realizada no início de março.

Na noite de ontem (2), o vice-presidente, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), confirmaram o acordo – que vinha sendo delineado semanas antes – para formação de uma chapa única. Mas a divisão da legenda na Câmara entre os que querem a recondução do atual líder, Leonardo Picciani (RJ), e os que trabalham para a vitória de Hugo Motta (PB) na sucessão de Picciani, pode dificultar os entendimentos dos peemedebistas no âmbito nacional.

Na conversa entre Temer e Renan, capitaneada pelos senadores Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE), ficou confirmado que Temer será candidato à reeleição como presidente nacional do partido, o que confere mais poder ao vice-presidente, tanto no Executivo como também junto aos peemedebistas (já que ele está no cargo há 15 anos e via sua saída como um fator de fragilidade dentro da sigla). Mas o primeiro vice-presidente, desta vez, será Romero Jucá, que é visto como um ponto de equilíbrio entre dois grupos: o que apoia Temer e um segundo, mais chegado a Calheiros.

Fez parte desta negociação que um dos cargos de primeiro escalão, como a secretaria-geral ou tesouraria do partido, seja entregue a Eunício Oliveira (atual líder da legenda no Senado). A partir daí, serão decididas nas próximas semanas as indicações para os demais cargos entre as duas alas peemedebistas na executiva nacional.

Manifestações calorosas

Leonardo Picciani, que conta com o apoio implícito do Planalto para sua recondução, tem recebido manifestações calorosas de senadores ligados ao grupo de Calheiros. Enquanto o grupo mais ligado a Temer, como os deputados Lúcio Vieira Lima (BA) e Darcísio Perondi (RS) apoiam a candidatura de Hugo Motta. Segundo um peemedebista, não há dúvidas de que o resultado desta eleição na Câmara pode criar um empecilho entre os integrantes da legenda.

“Tanto no caso da recondução de Picciani como de uma vitória de Motta, o Temer vai ter que atuar com toda sua habilidade, para não criar atritos com seus antigos companheiros e não insuflar, ainda mais, a ala oposicionista do PMDB”, comentou um senador da legenda.

Uma das moedas de troca que está sendo especulada nesse xadrez político é a presidência da Fundação Ulysses Guimarães, que tem ficado nas mãos de Temer e seus indicados desde 2001.

Com a substituição do atual vice-presidente nacional da legenda na chapa, o senador Valdir Raupp (RO), por Romero Jucá, uma das possibilidades é de esta presidência ser entregue a Raupp, como forma de compensação. Mas já se sabe que há outros caciques com indicações a fazer para o órgão.

Redução das viagens

De toda forma, a semana é de reuniões e viagens programadas pelos dois candidatos à liderança da Câmara pelo país. Eles pretendem aproveitar o feriado de carnaval para conversar com deputados do partido em suas bases. Temer não se manifestou oficialmente, mas pessoas ligadas a ele afirmaram hoje que está disposto a amenizar o ritmo que tinha programado, de viagens aos estados para fazer reuniões com representantes dos diretórios regionais.

A avaliação do grupo ligado ao vice é que, além de não haver mais necessidade desses encontros de forma tão insistente, por conta do acordo firmado, ainda por cima tais eventos podem soar como uma forma de ele se apresentar como pronto para assumir a presidência, no caso de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. E o momento, de retomada dos trabalhos do Congresso, de fim de férias e de acertos e conciliações, não pede mais um desgaste desse tipo.

Mesmo assim, o vice-presidente esteve em Pernambuco na última semana e recebeu saudações efusivas dos peemedebistas, que no estado são comandados pelo deputado e ex-governador Jarbas Vasconcelos (PE). As viagens de Temer tendem a ficar mais esparsas. As reuniões em Brasília para tratar do assunto executiva, não. Ou, até que seja divulgado o resultado da eleição para a liderança da Câmara – que tende a esquentar os dias dos peemedebistas no retorno deles ao Congresso após o período de folia.

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