Eleições 2016

Dividido, PSDB paulistano faz prévia domingo para tentar definir candidato à prefeitura

Três candidatos disputam a indicação tucana em prévia no domingo (28). Para presidente do diretório paulista, Pedro Tobias, 'se discurso de João Doria convencer maioria, paciência'

cc wikimedia / arquivo EBC / psdb.org

Doria Júnior, Matarazzo e Tripoli são os pré-candidatos tucanos à prefeitura de São Paulo

São Paulo – O PSDB corre contra o tempo e a pouca tradição em eleições para a prefeitura de São Paulo para emplacar um candidato e, além disso, conseguir unir o partido em torno de um nome competitivo para a sucessão de Fernando Haddad. A legenda realiza no domingo (28) a eleição interna para definir quem será o candidato. O vereador Andrea Matarazzo, o deputado federal Ricardo Tripoli e o empresário João Doria Jr. disputam as prévias. Não há favorito. Se nenhum dos três obtiver 50% mais um dos votos, a decisão vai ser só no segundo turno, entre os dois mais votados, em 20 de março.

Enquanto Matarazzo é apoiado por caciques do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira, Tripoli conta com o deputado federal Bruno Covas e o presidente do Instituto Teotônio Vilela, José Anibal.

Já Doria se apresenta como “o novo”, descontaminado da política tradicional, o homem da iniciativa privada, e não por acaso exibe o apoio do governador do estado, Geraldo Alckmin, como seu maior trunfo.

Para o presidente do diretório estadual do PSDB, Pedro Tobias, o PSDB já está atrasado na definição do nome. Embora ele não se manifeste a favor de nenhum dos três postulantes, nas entrelinhas, o dirigente e deputado estadual não deixa dúvidas sobre quem não apoia. “Se o discurso de João Doria convencer a maioria, paciência”, diz.

O clima no interior do PSDB não é tranquilo. Há duas semanas, a coluna “Painel”, da Folha de S. Paulo, revelou que o vereador Adolfo Quintas, aliado de Matarazzo, acusou o empresário João Doria de “cooptar” militantes do partido oferecendo R$ 2 mil por mês. Doria prometeu ir à Justiça para que o vereador confirme a acusação em juízo. Em debate realizado pelo jornal entre os três candidatos na terça-feira (23) o assunto voltou, levantado por um militante aliado de Matarazzo.

Desde a redemocratização do país, a capital paulista só teve só teve dois prefeitos do PSDB, sendo apenas um deles eleito pelo voto direto. Em 1983, Mário Covas foi nomeado pelo então governador Franco Montoro. José Serra foi eleito em 2004, mas deixou a prefeitura 15 meses depois. Em março de 2006, ele abdicou da prefeitura em favor do vice, Gilberto Kassab, para disputar a eleição para o governo estadual (que venceu).

Acompanhe a entrevista de Pedro Tobias à RBA:

O debate realizado na Folha entre os três candidatos mostrou divergências e tensão. Como o sr. avalia o processo, nesse contexto?

O debate foi excelente, discordo um pouco do que falou a Folha, não foi agressão nenhuma. Debate de candidato é para colocar ponto de vista, ser contundente. É natural isso. Eu que ajudei a criar essa prévia quatro anos atrás. É um fato positivo.

Doria vai contra a tradição do partido?

Acho que precisa modernizar o partido. Quatro anos atrás em Congresso do partido sugeri várias mudanças, porque o mundo muda. Precisamos fazer uma administração moderna. Não sou contra João Dória, mais ligado à iniciativa privada, esse modernismo igual ao americano. Mas temos uma massa grande de pobreza, que precisa de ajuda do Estado. Aqui nós temos pobreza, analfabetos. O Estado não pode lavar a mão de tudo.

Assembleia Legislativa
Pedro Tobias: tucanos divididos

O sr., então, não é favorável ao Doria?

Que seja (o Doria), mas aqui nós temos pobreza. Eu chamo esse povo de “dona Maria”, que não tem sindicato, não tem família, não tem dinheiro, não tem nada, e precisa ser protegido. Mas não temos dinheiro para todo mundo e precisa de saúde pública para a gente pobre. Hoje, infelizmente, a filha de dona Maria não vai ao SUS, mas alguém que conhece vereador, que conhece alguém, sempre encontra vaga para se encaixar. Mas a filha de dona Maria, não.

Mas Doria defende privatizações generalizadas de tudo, enquanto Matarazzo, não.

É só minha opinião pessoal. Se o discurso de João Doria convencer a maioria, paciência. Minha opinião é de que o Estado não pode ser grande, tem que ser mínimo. Mesmo assim, ele precisa fiscalizar, cuidar dessa gente mais humilde. Não pode deixar à mercê da iniciativa privada.

Podemos credenciar hospitais com essa iniciativa de organizações sociais que começou em São Paulo na época do Covas. Excelente ideia: organizações sociais 100% SUS. É dinheiro público, precisamos fiscalizar, controlar, orientar onde vai ser o gasto.

Eu sou a favor que o Estado em si fique mínimo, mas no rumo da política da saúde, da educação, o Estado tem que dar palpite. Quem executa pode ser a iniciativa privada, mas o Estado lavar a mão é errado.

E a acusação sobre o suposto pagamento de Doria para receber apoio?

Jornalista provoca. Não quero entrar nessa coisa, é muito pequena, não vou entrar nesse mérito.

Em novembro de 2015, o sr. disse que janeiro já era tarde para o PSDB escolher o nome para disputar a prefeitura. O partido está bastante atrasado na escolha do nome?

Espero que ganhe alguém no primeiro turno, senão vamos para 20 de março. Não podemos perder tempo. Espero que no fim de semana saia um (candidato) no primeiro turno. Resolve, acaba a briga interna. Nossos opositores vão ser de fora, do PT, Russomanno (PRB). Não o Matarazzo, João Dória ou Trípoli. São todos do mesmo partido. Não sei se no primeiro turno vai-se conseguir metade mais um. Mas quem decide isso é o (diretório) municipal.

Leia também

Últimas notícias