Triplo X

Nova fase da Lava Jato quer produzir manchetes e implicar Lula, diz Damous

Deputado acusa articulação da imprensa e de 'segmentos do sistema de Justiça' contra o ex-presidente. 'Nos últimos 40 anos, nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada', diz Lula

AG. Câmara

Deputado Damous: nova articulação midiática com segmentos do sistema de Justiça brasileiro

São Paulo – O advogado e deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) considera que a tentativa de implicar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na 22ª fase da Operação Lava Jato, denominada Triplo X, dá prosseguimento à tentativa de atacar a imagem do ex-presidente com fins políticos.

O parlamentar afirmou que os advogados do ex-presidente não consideram haver “nada de consistente contra Lula”. “Esse apartamento não é dele. Ele tinha uma cota declarada no Imposto de Renda e resolveu não comprar. Essa afirmação de que aquilo ali é dele, que significa lavagem de dinheiro, objeto de propina, é leviandade, não está demonstrado, não está provado, é para dar manchete de jornal e desgastar a imagem do presidente Lula”, diz Damous.

No início da noite de ontem, o Instituto Lula divulgou nota na qual afirma: “O ex-presidente Lula não foi sequer citado na decisão do juiz Sérgio Moro e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos investigados na chamada Operação Lava Jato”.

Ainda de acordo com a nota, Lula “nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel”.

Damous disse que a nova tentativa de implicar Lula será debatida pela bancada do partido na semana que vem e, independentemente disso, o PT vai se posicionar a respeito. “Trata-se de mais uma articulação midiática e com segmentos do sistema de Justiça brasileiro para criminalizar Lula com intuitos político eleitorais. Agora ele é o alvo. A tentativa é de desconstruí-lo perante a população. Com certeza não vão conseguir, porque o legado do governo Lula é bem maior do que isso.”

O alvo da operação Triplo X é o Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral sul de São Paulo, que teria, segundo as investigações, sido usado pela empreiteira OAS para “repasse disfarçado” de propina a agentes envolvidos em corrupção na Petrobras.

Foi destacado por diversos veículos de imprensa o seguinte trecho da representação de prisões e buscas e apreensões da operação Triplo X, assinada pela delegada Erika Mialik Marena, da força tarefa da Lava Jato, em Curitiba: “Manobras financeiras e comerciais complexas envolvendo a empreiteira OAS, a cooperativa Bancoop e pessoas vinculadas a esta última e ao Partido dos Trabalhadores apontam que unidades do condomínio Solaris, localizado na Avenida General Monteiro de Barros, 638, em Guarujá-SP, podem ter sido repassadas a título de propina pela OAS em troca de benesses junto aos contratos da Petrobrás”.

Outro trecho destacado e repetido por veículos de imprensa é o de que a PF diz existir “alto grau de suspeita contra tríplex” de Lula. Para os advogados de Lula e para Wadih Damous, a frase é vazia e não traz nada concreto.

Delegados em campanha

Reprodução
Página do ‘Estadão’ de novembro de 2014 noticia perfis de delegados, como circulação de informações sob sigilo

A delegada Erika é citada em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de 13 de novembro de 2014. Intitulado “Delegados da Lava Jato exaltam Aécio e atacam PT”, o texto assinado por Julia Dualibi trazia na abertura: “Delegados federais da Operação Lava Jato, força-tarefa que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás envolvendo empreiteiras e partidos, entre os quais o PT, usaram as redes sociais durante a campanha eleitoral deste ano para elogiar o senador Aécio Neves, candidato do PSDB ao Planalto, e atacar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua sucessora, Dilma Rousseff, que disputava a reeleição.

A reportagem citava os nomes dos delegados Igor Romário de Paula, Marcio Anselmo e Mauricio Grillo, além de Erika, como usuários de perfis fechados no Facebook que compartilhava informações negativas de Lula e Dilma e elogiosas a Aécio Neves. E relata em um trecho: A delegada Erika Mialik Marena, em cuja delegacia, a de Repressão a Crimes Financeiros e Desvios de Recursos Públicos do Paraná, estão os principais inquéritos da operação (Lava Jato), manifestou-se em uma notícia sobre o depoimento do ex-diretor da Petrobras (Paulo Roberto Costa).

O comentário jocoso da delegada, na época, foi o seguinte, no Facebook: “Dispara venda de fraldas em Brasília”. Ela usava o codinome “Herycka Herycka” na rede social, que foi apagado após a matéria do Estadão.

A Bancoop também divulgou nota oficial, na qual afirma que o empreendimento (Solaris) foi transferido à construtora OAS Empreendimentos e que o acordo específico de transferência foi homologado pelo Poder Judiciário em 11 de novembro de 2009 (processo nº 1190/2009, do Setor de Conciliação do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo). A operação foi definida por assembleia de cooperados cotistas, com fins de conclusão da obra.

Portanto, afirma a cooperativa, “desde 2009 a Bancoop não tem qualquer relação com o empreendimento Mar Cantábrico, que, inclusive teve sua denominação alterada para Solaris”.

Leia a íntegra da nota do Instituto Lula:

O ex-presidente Lula não foi sequer citado na decisão do juiz Sérgio Moro e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em atos ilícitos investigados na chamada Operação Lava Jato.

Nos últimos 40 anos, nenhum líder brasileiro teve a vida particular e partidária tão vasculhada quanto Lula, e jamais encontraram acusação válida contra ele.

Lula foi preso, sim, mas pela ditadura, porque lutava pela democracia no Brasil e pelos direitos dos trabalhadores. Não será investigando um apartamento – que nem mesmo lhe pertence – que vão encontrar uma nódoa em sua vida.

Lula nunca escondeu que sua família comprou, a prestações, uma cota da Bancoop, para ter um apartamento onde hoje é o edifício Solaris. Isso foi declarado ao Fisco e é público desde 2006. Ou seja: pagou dinheiro, não recebeu dinheiro pelo imóvel.

Para ter o apartamento, de fato e de direito, seria necessário pagar a diferença entre o valor da cota e o valor do imóvel, com as modificações e acréscimos ao projeto original. A família do ex-presidente não exerceu esse direito.

Portanto, Lula não ocultou patrimônio, não recebeu favores, não fez nada ilegal. E continuará lutando em defesa do Brasil, do estado de direito e da Democracia.

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