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Dilma agradece e reforça pedido de apoio de movimentos sociais contra o golpe

Presidenta reafirmou que não cometeu nenhuma ilegalidade: 'Tentaram, tentam e tentarão, mas não acharão uma vírgula contra mim', afirmou

Secom/PR

Presidenta Dilma recebeu representantes de movimentos sociais e sindicatos no Palácio do Planalto

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff agradeceu hoje (17) o apoio dos milhares de trabalhadores que foram às ruas ontem (16) para defender que ela permaneça no cargo, exigir a saída do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara e o fim do ajuste fiscal. “Eu não tenho menor constrangimento de pedir o apoio de vocês, mesmo diante das divergências. Certamente, apesar de sermos diversos, temos em comum uma posição do que queremos neste país”, disse Dilma, a representantes de movimentos sociais, sindicatos, artistas e intelectuais reunidos no Palácio do Planalto.

A presidenta reafirmou que lutará com todas as forças para defender a democracia e seu mandato. “Eles dizem que o impeachment está na Constituição. É verdade. O impeachment é uma previsão da Constituição Federal. Porém, não há nenhum lugar da Constituição que diz que é por divergência política ou por discordância de programa de governo. Todas as questões do impeachment são caracterizadas como crime de responsabilidade ou contra crime de coisa pública. E em nenhum desses dois casos eu me enquadro. Tentaram, tentam e tentarão, mas não acharão uma vírgula contra mim”, afirmou.

Destacando as mobilizações realizadas ontem, em 25 estados, contra o golpe, Dilma lembrou a luta contra a ditadura (1964-1985) e disse que é preciso fortalecer a democracia. “Nós, da minha geração, que participou da luta contra a ditadura, sabemos o valor da democracia na vida diária. Mas, também, sabemos que a democracia é através do processo de escolha.”

A vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, reafirmou a posição da central de manter um apoio crítico ao governo federal, sem admissão de retrocessos. “Reforçamos as nossas críticas à economia, que afeta apenas uma parte da sociedade. A CUT tem apresentado uma proposta para enfrentar a crise econômica, mas vamos defender a democracia que está em jogo”, disse.

Carmen também cobrou atuação do governo para enterrar o projeto que libera a terceirização em todos os setores da economia e a lei antiterrorismo, que retira os direitos dos movimentos sociais de ir às ruas.

“Eu considero que todas essas leis têm um caráter extremamente regressivo no Brasil. Temos que olhar com cuidado essa lei antiterrorista”, concordou a presidenta.

O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stédile afirmou que, além de se posicionar contra o golpe, os movimentos também são contrários à atual política econômica, que tem provocado desemprego.

“O que nos une nessa frente é que todos nós somos a favor da democracia e contra golpe e contra esse procedimento de impeachment. Mas ao mesmo tempo não podemos admitir que o parlamento seja ainda dominado por personagens como Eduardo Cunha e, por isso, adotamos a bandeira do ‘Fora, Cunha’. E somos defensores de todos os direitos dos trabalhadores e nos insurgiremos contra qualquer medida que possa afetar esses direitos e advogamos por mudanças na política econômica”, destacou Stédile.

“As famílias, as empresas e o governo não podem continuar submetidos à lógica do mercado financeiro, do mercado especulativo”, alertou o economista Marcio Pochmann. Para ele, o país precisa se planejar para médio e longo prazos, construindo um plano para inclusão social e crescimento econômico sustentável.

O teólogo Leonardo Boff entregou a Dilma um manifesto com 800 assinaturas de intelectuais que defendem o mandato da presidenta. Para ele, o impeachment é a síntese de uma onda de revanchismo daqueles que perderam as eleições de 2014. “É um espírito de vingança de pessoas perversas que esta República produziu, que não tem nenhum sentimento de ética. E são eles que estão promovendo o impeachment. Mas vamos lutar contra isso, apoiar a democracia e essas conquistas que foram trazidas com suor, sangue e tortura.”

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Com informações da CUT Nacional