Na defensiva

Cunha descarta renúncia, ataca PT e diz que foi escolhido ‘por revanche’ para ser alvo da PF

Deputado afirma que ação teve como objetivo atacar o PMDB como um todo, pediu para a legenda que ele integra sair do governo e repetiu que não existe hipótese dele renunciar

Marcelo Camargo / ABr

Eduardo Cunha, durante operação de busca e apreensão pela Polícia Federal, em sua casa

Brasília – O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), usou a estratégia de colocar-se de vítima e, ao mesmo tempo, partir para o ataque contra o governo e o PT, em entrevista coletiva concedida hoje (15). Cunha, ao falar sobre o pedido de busca e apreensão realizado em três de suas residências nesta terça-feira, afirmou que não está “nem um pouco preocupado” com sua situação, que confia na Justiça e entende que “todos podem ser investigados”. Mas disse que foi escolhido para ser o centro das investigações, que não é de hoje que é tido como desafeto do Executivo e que a atitude tem caráter “revanchista”.

“Acho estranhíssimo que no dia em que há votação do Conselho de Ética sobre o processo que corre em meu nome e na véspera da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o rito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff ter sido feita essa operação”, afirmou o deputado. Suas palavras não consideraram que a reunião do Conselho desta terça-feira foi a oitava já realizada e que apenas hoje os integrantes do órgão conseguiram aprovar a admissibilidade do processo que corre contra ele, em função de várias manobras protelatórias utilizadas.

De acordo com Eduardo Cunha, o prazo para que apresentasse sua defesa ao processo que o investiga no STF acaba na próxima sexta-feira (18), motivo pelo qual não vê lógica no fato da busca e apreensão ter sido realizada três dias antes.

O presidente da Casa tentou creditar, também, a operação da Polícia Federal deflagrada esta manhã, como uma ação não apenas contra ele, mas contra “o PMDB”, pelo fato de ter investigado outros peemedebistas. E partiu para cima do PT. “Os responsáveis pelo assalto aos cofres públicos são do PT, não do PMDB. Tem alguma coisa acontecendo em relação ao contexto e aos objetivos dessa operação”, destacou.

O parlamentar chegou a pedir a saída da legenda que integra, da coalizão com o governo. “O PMDB tem que decidir a saída desse governo o mais rápido que a gente puder”, acentuou.

Cunha afirmou, ainda, que vai pedir a anulação da votação do conselho de ética e enfatizou que o presidente do órgão, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), tem amplas ligações com o ministro da Casa Civil Jaques Wagner (PT) – ambos possuem bases eleitorais na Bahia. Sobre a possibilidade de sair do cargo, ele reiterou declarações já feitas anteriormente: “Não há a menor hipótese de renúncia de minha parte”, ressaltou.

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