Crise política

‘Aventura irresponsável, que rasga a Constituição’, diz Rossetto sobre impeachment

Ministro do Trabalho e secretários atacaram tentativa de derrubar a presidenta. Um deles fez referência velada a parte do empresariado paulista: 'Financiadores da Oban se posicionam a favor do golpe'

Mauricio Morais/Sind. Bancários SP

Ministro Rossetto e Marcolino, em São Paulo: críticas a condutores do processo de impeachment contra Dilma

São Paulo – Durante a posse do novo superintendente regional do Trabalho em São Paulo, Luiz Claudio Marcolino, na manhã de hoje (17), o ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, atacou as tentativas de impedimento da presidenta Dilma Rousseff. “A questão não é ser contra ou a favor de Dilma. A questão é quem tem compromisso com a democracia e quem vai apostar numa aventura irresponsável, que rasga a Constituição”, afirmou o ministro, para quem existe uma tentativa de diminuir direitos, após um período de inclusão social e diminuição da desigualdade. “Alguns não gostam disto, querem menos democracia e menos direitos sociais.”

Ele não foi o único a se posicionar, no mesmo evento, contra a abertura de um processo de impeachment no Congresso. O secretário especial do Trabalho, José Lopez Feijóo, disse ver o risco de “uma violência brutal à democracia’. “Em uma democracia de verdade, o voto é o maior valor, que ninguém pode contestar”, declarou. “Se admitirem que o voto popular pode ser casado, significa que podemos abrir mão da soberania popular.”

Feijóo também fez referência velada a uma parcela do empresariado que já se posicionou a favor do impeachment – como a Fiesp –, ligando esse movimento ao fato de, na ditadura, industriais paulistas terem financiado a Operação Bandeirante (Oban), órgão de repressão. “Financiadores da Oban estão se posicionando a favor do golpe”, afirmou o secretário. “É na democracia que os empresários podem construir pactos, acordos”, acrescentou, defendendo Dilma e atacando adversários, em outra provável referência, desta vez ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “A pessoa que querem derrubar é honesta. E quem acusa tem ficha corrida.”

O secretário especial da Previdência Social, Carlos Gabas, também se manifestou: “O projeto político que perdeu as eleição no ano passado tentar dar um golpe na democracia”. Ele aproveitou para cumprimentar o presidente estadual do PT, Emídio de Souza, presente ao ato de posse na Superintendência Regional do Trabalho. “Ao contrário do que muitos dizem, o projeto do nosso partido é vencedor”, disse Gabas, acrescentando que nos últimos anos houve uma “transformação silenciosa” no país.

E o secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo, Artur Henrique, ex-presidente da CUT, destacou o ato de ontem contra o impeachment, citando trecho do Hino Nacional, que havia sido executado minutos antes. “Ontem, vários aqui não fugiram à luta e ocuparam a avenida Paulista. Defender a democracia e a liberdade é um princípio fundamental.”