Violência

Governador do DF pede a Renan retirada de acampamentos da frente do Congresso

Rollemberg disse que embora defenda a liberdade de expressão, teme que se nada for feito e com o clima de intolerância e hostilidade atual, 'as consequências dos confrontos fiquem cada vez mais sérias'

memória/ebc

Rollemberg: “Acho que há ali uma zona de conflito constante que, diante dos últimos acontecimentos, precisa ser observada e alvo de providências”

Brasília – Os gramados localizados na frente do Congresso Nacional e no seu entorno, que costumam ser cenário de acampamentos de manifestantes e centro de protestos diversos, pelo menos provisoriamente tendem a ser esvaziados. Ao menos, até que fique mais brando o clima de intolerância e hostilidade observado nos últimos dias. O pedido foi feito hoje (19) pelo governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), que saiu há pouco de uma audiência com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Rollemberg afirmou que, embora entenda a importância da liberdade de expressão, a segurança pública do Distrito Federal tem sido constantemente chamada para conter confrontos ou apurar denúncias de agressões cometidas pelos integrantes desses acampamentos.

Ele sugeriu que todos os grupos lá instalados sejam retirados do local. “Não estou favorável nem ao pessoal que pede o impeachment da presidenta Dilma nem ao que a defende. Só acho que há ali uma zona de conflito constante que, diante dos últimos acontecimentos, precisa ser observada e alvo de providências”, ressaltou o governador. Os acontecimentos são fáceis de ser enumerados, embora Rollemberg tenha evitado citar textualmente para os jornalistas.

Armas

No início do mês, acampados do Movimento Brasil Livre (MBL) que pedem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff discutiram e trocaram agressões com um grupo do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que armou barracas nas proximidades justamente para defender a manutenção da presidenta no cargo e pedir pelo fortalecimento da democracia.

No último dia 12, um dos integrantes do MBL que está acampado foi detido portando um revólver e várias armas brancas. No dia seguinte, passeata realizada por centrais sindicais e estudantes pedindo a saída do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) da presidência da Câmara não pôde chegar perto da descida até a chapelaria do Congresso, como sempre acontece.

O grupo foi contido por uma barreira policial de quase 200 homens, formada pela segurança legislativa com o reforço da Polícia Militar e de tropas de segurança do DF. O argumento para o pedido desse reforço ao governo do DF foi de que poderia haver um grande tumulto no evento.

Não houve confusão porque, ao verem a “muralha” de policiais, os manifestantes alertaram a todos pelos alto-falantes que virassem para o outro lado da Esplanada dos Ministérios e retornassem, sem insistir em chegar ao Congresso. Destacaram que o objetivo do evento não era “brigar com ninguém, apenas passar sua mensagem”.

Para completar o quadro, durante a Marcha das Mulheres Negras, ontem (18), além do confronto com os integrantes do MBL e policiais, no qual várias das manifestantes ficaram feridas, ainda foi detido um policial de Sergipe que está num outro acampamento (que pede a volta do regime militar), responsável por ter disparado quatro tiros de revólver no momento da passagem da passeata. Até mesmo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que tentou intervir para acabar com o tumulto, foi atingido por um spray de gás de pimenta disparado por um dos policiais.

Acordo

“O que eu temo é que os próximos episódios resultem em consequências bem mais graves, se nada for feito. Enquanto o clima estiver assim tão acirrado, é melhor desarticular esses acampamentos”, disse o governador. A ideia que está sendo acertada entre Rollemberg e Calheiros é de ser firmado um acordo conjunto entre o governo do Distrito Federal e o Congresso Nacional, para que os acampamentos sejam retirados, ao menos, até o início do ano.

Esse acordo, segundo o governador, é importante porque, da área onde estão fincadas bandeiras de todos os estados até a entrada da chapelaria do Senado, a responsabilidade administrativa é do Congresso Nacional. E toda a área restante do gramado da Esplanada dos Ministérios é de responsabilidade do governo do Distrito Federal. Os acampamentos, no entanto, estão localizados nos dois locais.

“Vim aqui conversar sobre isso porque a avaliação que o setor de segurança do governo faz é que, se as remoções não acontecerem de forma conjunta, o conflito tende a continuar. Então não adianta o governo do DF retirar as barracas na sua área e o Congresso nada fazer”, acrescentou.

O assunto ainda será objeto de uma segunda reunião, para que alguma decisão a respeito seja tomada com brevidade. Calheiros, embora tenha dito ontem, durante a votação dos vetos presidenciais, que é contra a decisão de Eduardo Cunha – de ter aberto uma exceção e descumprido ato de 2001 que proibia acampamentos próximos ao espelho d’água para abrigar o MBL – não se posicionou a respeito. E ficou de tratar a questão, também, com o presidente da Câmara.

Leia também

Últimas notícias