Movimentação

Expectativa na Câmara é de que prisão de Delcídio ajude no afastamento de Cunha

Deputados que atuam pela saída do presidente da Casa aguardam resposta da representação ajuizada na PGR, na qual pedem ao STF para afastá-lo do cargo enquanto tramita o processo que o investiga

ebc

Após prisão de Delcídio, Cunha declarou que permanecerá no cargo, mas comenta-se sobre seu visível abatimento

Brasília – Depois de viver uma espécie de “ressaca moral” por causa da sessão de ontem (25) do Senado, que decidiu pela prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), os deputados se preocuparam hoje em voltar as atenções para a situação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Embora Cunha tenha dado as mesmas declarações de que permanecerá no cargo até o final da legislatura, os comentários entre os parlamentares nas conversas ao longo do dia são do visível abatimento demonstrado pelo deputado e de seus aliados depois do posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação a Delcídio. E, sobretudo, com o precedente aberto pelo Judiciário, que pode servir como base teórica para um futuro pedido de afastamento – ou até prisão – do presidente da Casa.

Em várias conversas no plenário da Câmara e no salão verde da Casa, deputados lembraram avaliação feita pelo cientista político David Fleisher, da Universidade de Brasília (UnB), segundo a qual, mesmo a prisão de Delcídio tendo deixado uma “situação de intranquilidade” para vários parlamentares, esta situação pesa, em primeiro lugar, sobre o presidente da Câmara. “Afirmo isso pelas denúncias contra ele e em função das estratégias utilizadas para atrasar o processo que o investiga”, acentuou Fleisher.

O líder da Rede, deputado Alessandro Molon (RJ), ao lado de um grupo de deputados, protocolou, na tarde de ontem, representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedindo que o procurador-geral, Rodrigo Janot, analise a possibilidade de solicitar ao STF o afastamento de Cunha da presidência da Câmara – por atrapalhar as investigações sobre o seu caso.

Molon demonstrou confiança no retorno da representação por parte da PGR e disse que, ao conversar com assessores do procurador-geral, ouviu deles que a mesma coragem que Janot teve para pedir ao tribunal a prisão do senador Delcídio, também terá para pedir o afastamento do deputado, caso considere necessário.

Os procuradores ainda pediram aos deputados que detalhassem mais informações sobre as manobras feitas nas últimas semanas pelo presidente da Câmara.

O líder do Psol, deputado Chico Alencar (RJ) – que recebeu esta tarde a notícia de que a representação contra ele no Conselho de Ética será arquivada – afirmou que confia na pressão que está sendo feita pelos parlamentares.A representação contra Alencar foi protocolada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho (aliado de Eduardo Cunha), e foi considerada uma espécie de retaliação, pelo fato de a legenda que o parlamentar lidera ter sido a primeira a se pronunciar contra o presidente da Câmara no órgão.

“É o que tenho repetido: a questão é de moralidade do parlamento brasileiro e não se trata de uma posição de partidos da base do governo ou da oposição”, ressaltou Chico Alencar, num claro aceno à bancada do PT para que também se posicione pela saída do presidente. O relatório preliminar sobre o caso de Cunha, cujo parecer pede a continuidade das investigações sobre o deputado, está previsto para terça-feira (1º).

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