Sessão

Senado decidirá em voto aberto sobre prisão de Delcídio. Em nota, PT descarta solidariedade

Debate ainda não entrou no mérito da prisão. PT diz em nota que nenhuma tratativa do parlamentar tem relação com sua atuação partidária e anuncia reunião da legenda para tomar decisão sobre episódio

Brasília –  O Senado decidirá em votação aberta se aprova o pedido de prisão cautelar do senador Delcídio Amaral (PT-MS), conforme determinado hoje (25) pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O debate prossegue e a sessão não tem hora para acabar.

O PT não se manifestou sobre como se posicionará em relação a Delcídio. Mas, em nota oficial divulgada no início da noite, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, afirmou que a legenda reagiu com perplexidade “aos fatos que ensejaram a decisão do tribunal” e assinalou distanciamento em relação à conduta do senador: “Nenhuma das tratativas atribuídas ao parlamentar possuem qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou simples filiado”. Falcão reiterou que o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade em relação a Delcídio.

O presidente da legenda destacou, ainda, no documento, que está convocando reunião da executiva nacional “para adotar as medidas que julgar cabíveis em relação ao episódio”.

A Rede Sustentabilidade emitiu comunicado em que defende a ação do STF, ao considerar a decisão do tribunal “soberana, embasada em provas e que deve ser respeitada”. “No entendimento do partido, qualquer tentativa de obstruir investigações e influenciar decisões da Justiça deve ser punida com rigor, especialmente quando o alvo é o STF e a tentativa vem de um senador”, acentua a Rede, no documento.

Com semblante sério e sem conseguir esconder nervosismo, o presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), abriu a sessão levantando a questão de vir a ser considerada possível a prisão de um parlamentar e as dúvidas que existem em relação à interpretação dada pelos ministros do STF sobre o caso.

Senadores da oposição protocolaram mandado de segurança prévio junto ao STF para impedir que a sessão fosse fechada e para que, num caso de decisão posterior da Suprema Corte, se a votação acontecer dessa forma, possam requerer a sua anulação. Vários parlamentares, desde o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), a Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF), defenderam o voto aberto.

O líder do governo na Casa, José Pimentel (PT-CE), disse que a preocupação dos senadores deveria ser sobre qual o método de votação traria segurança jurídica para o Senado. Pimentel, defendeu a aplicação do Regimento Interno do Senado, que determina voto secreto.

Ao ler o documento do STF comunicando a decisão sobre Delcídio Amaral e pedindo ao Senado que decida a respeito, como exige a Constituição Federal, Renan afirmou aos senadores que, diferentemente da informação de que a prisão teria sido em flagrante, a prisão determinada para ele, conforme o comunicado oficial do tribunal, foi de caráter cautelar. Não está, portanto, determinada para parlamentares pela Constituição.

De acordo com Calheiros, tanto há incertezas quanto a esse entendimento que o parecer do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, quando pediu ao tribunal para serem tomadas providências em relação ao senador, destacou que, em caso de não ser possível a prisão do parlamentar, sugeria a adoção de outras alternativas em relação a ele. E apontou, dentre as sugestões, a determinação da suspensão do seu mandato pelo STF, a proibição de que tenha qualquer novo contato com os envolvidos na operação Lava Jato e, por fim, o uso de monitoramento eletrônico.