Na Câmara

Cunha chega ao plenário atrasado e, de cara feia, reclama do PSDB para aliados

Presidente espera pronunciamentos contrários na sessão de hoje. Ele teria chamado os tucanos de ‘desleais’, durante conversa com o deputado Nilson Leitão e reclamou da nota divulgada pelo partido

J. Batista/Câmara dos Deputados

Até então, não haviam sido feitas manifestações de repúdio por parte dos aliados de Cunha

Brasília – Com um atraso de 50 minutos, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), entrou com cara fechada no plenário para presidir a ordem do dia, dando por encerradas especulações de que ele poderia não presidir a sessão de hoje (11), diante da nota divulgada pelo PSDB confirmando que não mais o apoiará e votará contra ele no Conselho de Ética. Embora não tenha dado declarações oficiais, o principal assunto do Salão Verde da Casa do início desta tarde foi a notícia de que o parlamentar demonstrou irritação com a atitude da legenda e teria chamado o partido de “desleal” para o deputado Nilson Leitão (PSDB-MT) – que foi designado pelos tucanos para comunicar-lhe sobre o documento.

Num dia considerado complicado para a Câmara, por conta da conturbada votação do projeto sobre repatriação de recursos, que ainda não tem consenso em torno do tema, também ficaram acertados a realização de discursos em plenário para falar sobre a situação de Cunha por parte de deputados do PSDB, PPS, Psol e Rede. Motivo pelo qual muitos aliados do presidente apostavam que ele tiraria o restante do dia para ficar mais recolhido.

“Não podemos tapar o sol com a peneira. O que está sendo votado pode especificamente favorecer o caso do presidente da Câmara”, afirmou o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), que pediu a retirada de pauta do projeto de repatriamento de recursos e aproveitou para ser um dos primeiros a criticar Cunha.

Postura de ‘revanche’

Já o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho, que é considerado aliado de primeira hora do presidente da Câmara, disse que com a decisão, os integrantes do PSDB “pularam para fora do barco e jogaram Eduardo Cunha no colo do PT”.

O argumento de Paulinho é de que a postura dos tucanos foi feita como uma espécie de vingança à demora de Cunha para acolher requerimentos que pedem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Segundo ele, já tinha sido feito um acordo anterior de que o deputado anunciaria um novo rito para o acolhimento de tais requerimentos. “Foi uma espécie de revanche. Algo muito ruim para a oposição”, ressaltou, em relação à decisão do PSDB.

Espera-se, até o final de semana, a divulgação de nota semelhante por parte do PPS, que já mostrou movimentação a respeito, mas prefere aguardar para ouvir todos os integrantes da bancada, conforme informaram seus deputados. Representantes do DEM e do PTB também afirmaram, nos bastidores, que estão programando reunião semelhante para decidir a respeito da posição a ser tomada em relação ao deputado.

Com isso, fica mais apertada a situação de Eduardo Cunha e sua manutenção na presidência da Câmara, uma vez que até hoje não tinham sido feitas manifestações oficiais contrárias à sua conduta por parte dos deputados ligados a ele. Estes parlamentares, inclusive, vinham sendo criticados por se manterem “em cima do muro” em relação ao assunto.