Troca de cadeiras

Servidores do Ministério da Saúde fazem homenagem a Arthur Chioro

Ministro demonstrou emoção com gesto espontâneo, e pediu que ato fosse discreto. Iniciativa teve aplausos e até faixas de despedida ao sanitarista

Reprodução Facebook

Respeito: manifestação de servidores por uma autoridade que deixa o primeiro escalão é coisa rara na Esplanada

Brasília – No cargo de ministro da Saúde desde fevereiro do ano passado, o médico sanitarista e doutor em Ciências de Saúde Coletiva Ademar Arthur Chioro protagonizou uma despedida insólita. Chioro, tido como técnico competente e respeitado na área, foi surpreendido por um grupo de servidores em um ato poucas vezes visto quando um titular do primeiro escalão do governo federal deixa um cargo.

“Foi uma cerimônia simples como é a marca dele, de simplicidade”, disse a técnica administrativa Ana Castro. A iniciativa teria partido dos próprios servidores, surpreendendo até mesmo os ocupantes dos vários departamentos instalados no Bloco G da Esplanada dos Ministérios. A assessoria do Gabinete, no entanto, pediu que não houvesse pronunciamentos. O agora ex-ministro pediu discrição.

Mas servidores colocaram uma faixa de despedida frente ao prédio e se reuniram para cumprimentos e despedidas. Os cumprimentos duraram quase duas horas e aconteceram logo após a solenidade de posse dos dez novos ministros da Esplanada, no Palácio do Planalto – quem assume a Saúde é o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI).

“Muitos chegaram a se emocionar, porque o sentimento que existia entre vários departamentos era de que estávamos sendo chefiados por um técnico como nós, profundo conhecedor da área e colega dos colegas”, afirmou um diretor de área que preferiu não se identificar.

Arthur Chioro assumiu o Ministério da Saúde no ano passado, em substituição a Alexandre Padilha, que saiu para concorrer ao governo de São Paulo. Antes, era secretário de Saúde da prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) e no período entre 2003 e 2005, dirigiu o Departamento de Assistência Especializada do ministério. Chioro também acompanhou, antes de assumir o cargo, a presidenta Dilma Rousseff e o então ministro Padilha na visita do governo à Cuba – ocasião em que foram assinados contratos para o programa Mais Médicos e acordos bilaterais.

Na última semana, quando já estavam adiantadas conversas sobre a reforma ministerial, Chioro teria afirmado durante evento público que, independentemente de ficar ou não na pasta, a saúde deverá enfrentar dificuldades nos próximos anos. A declaração foi feita durante viagem da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos e foi dada como motivo pelo telefonema de Dilma ao ministro para confirmar a sua substituição. Os jornais trataram o episódio como “demissão por telefone”. O ministério emitiu nota depois explicando que não foi bem isso o ocorrido.

Mas um sinal de que teria havido mesmo um mal estar foi a diferença de tratamento dado pela presidenta ao professor Renato Janine Ribeiro, que ocupava o Ministério da Educação. Janine Ribeiro foi chamado para uma reunião no Palácio do Planalto, quando Dilma lhe pediu o cargo. A conversa, de acordo com ele, teve um tom considerado “cordial”.

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