Mais atenção

Planalto quer que líderes priorizem matérias importantes para o país

Preocupação do Executivo, segundo parlamentares, é que especulações sobre situação de Cunha tirem a atenção para tramitação de propostas que precisam ser votadas rapidamente e isso prejudique o ajuste fiscal

ebc/memória

José Guimarães: “É preciso trabalhar para acelerar as matérias que o Executivo precisa ver aprovadas”

Brasília – Apesar da crise política que envolve o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e das especulações sobre o destino do parlamentar, líderes da base aliada na Câmara dos Deputados foram orientados pelo Palácio do Planalto, hoje (20), a intensificar os trabalhos pela aprovação das matérias consideradas importantes para o país e deixarem um pouco de lado as especulações sobre a saída ou não de Cunha. “Não é que não queiramos discutir isso, mas é que não se trata de um assunto do governo e entendemos que é preciso trabalhar para acelerar a tramitação das matérias que o Executivo tanto precisa ver aprovadas”, afirmou o líder do governo, José Guimarães.

O objetivo do Executivo é pedir aos parlamentares dos partidos que dão sustentação ao governo para ficarem em estado máximo de alerta com as tramitações de propostas como as de recriação da CPMF, da Desvinculação de Receitas da União (DRU), bem como a do repatriamento de recursos em contas secretas de brasileiros que sejam encontrados fora do país e, inclusive, do próprio Orçamento Geral da União (OGU).

O temor do Executivo é de que, diante da grave situação em que se encontra o presidente da Câmara, os trabalhos no Legislativo terminem ficando mais atrasados do que o normal, com parlamentares dispersos em relação a essas matérias. Sem falar na possibilidade de o governo vir a sofrer, com esse hiato, derrotas que vão pesar nas contas da União.

CPMF e DRU

Um dos exemplos desse tipo de pauta é a proposta de resolução que tramita no Senado e propõe limitação à dívida pública da União, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP). A matéria levou vários senadores da base aliada a ficarem mais atentos para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde tramita, nos últimos dias – e os líderes estão trabalhando pela rejeição da matéria. Mesmo assim, é esse tipo de “susto”, em questões semelhantes, que o Planalto quer evitar, conforme contou um dos líderes.

No encontro, os parlamentares também aproveitaram para reclamar do governo em relação à postura adotada no último final de semana pelo presidente do PT, Rui Falcão, que sugeriu a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, caso ele não mude sua política econômica. As declarações de Falcão terminaram resultando uma declaração da presidenta Dilma Rousseff de Estocolmo, na Suécia, afirmando que Levy permanece no cargo.

Os deputados destacaram para o ministro que fica difícil, para eles, defender o titular da Fazenda dentro do Congresso quando o próprio partido da presidenta faz esse tipo de colocação, principalmente num cenário no qual vários deputados e senadores se opõem às medidas de Levy (e evitam dar declarações públicas a respeito).

“Nós reclamamos e dissemos ao ministro Berzoini que este não é o modo certo de trabalhar, que embora nosso partido não concorde com a política econômica implantada pelo ministro Levy, não ficamos jogando para a plateia”, afirmou o deputado do PCdoB Orlando Silva (SP), que confirmou a informação dos outros colegas.

A preocupação mais imediata do Executivo e da base aliada diz respeito à votação da DRU, que está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, para que seja analisada quanto ao mérito. De lá, a proposta segue para a Comissão Mista de Orçamento.

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