ogu 2016

Alteração da meta fiscal fica adiada e atrasa relatório do Orçamento

Relator da proposta de orçamento, deputado Ricardo Barros, diz que só pode concluir seu relatório após ter todos os dados. Mesmo em tom diplomático, ele insiste em defender corte para o Bolsa Família

Luis Macedo / Câmara dos Deputados

Apresentação do relatório do deputado Hugo Leal deve ficar para a próxima semana

Brasília – Por falta de quórum, a Comissão Mista de Orçamento adiou para a próxima semana a apresentação do relatório do deputado Hugo Leal (PSD-RJ) sobre a alteração da meta fiscal do governo. Após a votação dessa matéria é que será possível para os relatores das propostas de Orçamento Geral da União (OGU), Ricardo Barros (PP-PR), e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Ricardo Teobaldo (PTB-PE), concluírem seus trabalhos e apresentar seus relatórios.

A falta de quórum foi considerada por alguns parlamentares como uma forma da oposição obstruir a votação e se posicionar contrária à proposta encaminhada recentemente pelo Executivo ao Congresso, com nova alteração da meta de superávit – depois da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) desaprovando os atrasos nos repasses orçamentários feitos a bancos públicos (chamadas de “pedaladas”). O adiamento atrasa ainda mais a tramitação do OGU para 2016, que tanto o Executivo como o relator da matéria trabalham para que seja votado ainda este ano – o que, para isso, precisa acontecer até 22 de dezembro, quando o Congresso entra em recesso.

Durante uma sessão que se ateve à votação e discussão de requerimentos e outros itens constantes da pauta, o relator da proposta de OGU lembrou reunião que teve hoje (28) com o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, e externou sua posição de que, da forma como estão as contas hoje, avalia ter de cortar aproximadamente R$ 10 bilhões nos recursos destinados ao programa Bolsa Família.

Bolsa Família

Barros adotou tom diplomático em relação ao assunto e fez questão de acentuar que essa questão só será decidida no final dos trabalhos, após serem feitos todos os cálculos das contas públicas e mantidas várias reuniões com o Executivo. Mas a fala do deputado foi considerada um contraponto a declarações feitas pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, na segunda-feira (26), de que o Bolsa Família não poderá sofrer cortes por ser um dos programas prioritários do governo.

O deputado disse que a conversa que teve com o ministro Nelson Barbosa tratou de prazos regimentais e acertos sobre alguns números a serem apresentados, mas esse tipo de definição só pode ser feita na finalização do seu relatório. Acrescentou ainda que terá uma próxima audiência com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, para tratar do mesmo assunto.

Segundo o deputado relator, um ponto que também está sendo aguardado é a definição, por parte do Executivo, sobre como e quando serão feitos os repasses de recursos a bancos públicos para o pagamento de benefícios sociais, as ”pedaladas”, cobradas pelo TCU. Atualmente, o governo aguarda as regras do tribunal sobre este repasse, que chega perto de R$ 50 bilhões, para saber se o valor será parcelado ou pago de uma única vez e, se parcelado, em quantas vezes.

Dívida ‘zerada’

Ricardo Barros defendeu que é melhor para o governo pagar essas dívidas ainda em 2015, como forma de zerar esse tipo de déficit. “Se as pedaladas forem pagas este ano, o governo deixará de dever para o BNDES, para a Caixa Econômica Federal e para o Banco do Brasil. Poderá ficar com menos recursos, mas terá um planejamento orçamentário menos engessado”, destacou.

“Não estamos negociando os números, porque a Fazenda e o Planejamento ainda não têm os parâmetros macroeconômicos de 2016, mas com certeza vamos votar o orçamento neste ano”, afirmou o relator, ao ratificar as palavras do ministro Berzoini de que a proposta orçamentária está sendo construída de forma conciliadora.

“Vamos nos entender, não vemos dificuldade para conciliar todos os pontos de vista e ir para uma votação tranquila do Orçamento dentro de parâmetros em que o mercado acredite e que as pessoas considerem factíveis”, acentuou.

Leia também

Últimas notícias