Retrocessos

Poder financeiro sobre a política leva à desigualdade, diz embaixador

Diplomata Samuel Pinheiro Guimarães lembra que influência dos grupos econômicos fez, por exemplo, FHC isentar de impostos uma parcela mínima de milionários do país

RBA

Samuel Guimarães: país se alinha a interesses especulativos e abre espaço para desigualdades sociais

São Paulo – O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, professor de Política Internacional e Relações Exteriores do Instituto Rio Branco, em entrevista para Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, aponta reflexos do crescimento das pautas conservadoras sobre o espectro político e econômico brasileiro. “Um exemplo é o financiamento privado de campanhas, que é o centro de controle conservador da sociedade”, diz. Para o diplomata, o financiamento de partidos e candidatos por empresas é o nascedouro da corrupção.

O poder econômico financeiro possui ampla influência nas questões políticas e que, por mais absurdas que sejam, seguem fora dos holofotes da opinião pública, avalia Samuel. “Segundo dados da Receita Federal, 71 mil brasileiros, pessoas físicas, recebem cerca de um terço da renda nacional. E sem pagar impostos. Foram isentos em 1995 por Fernando Henrique Cardoso. São dados da Receita que nenhum jornal repercute”, afirmou.

“Na área econômica vemos a implantação de um programa neoliberal que começa com o ajuste fiscal incidindo sobre direitos sociais. No Legislativo, Eduardo Cunha (presidente da Câmara dos Deputados) elenca projetos como maioridade penal e terceirização. No Judiciário, o maior flagrante é o ministro Gilmar Mendes pedindo vistas de uma ação sobre a questão do financiamento privado de campanha, um ponto já decidido por seis votos a um. Ele espera que o Congresso libere o financiamento”, diz.

Sobre a política de escalada dos juros adotadas pela atual equipe econômica federal, Samuel afirma que o país se alinha aos interesses do capital especulativo. “A concentração de renda promovida pelas altas taxas da selic é extraordinária. Quem ganha com isso são os detentores de títulos públicos, são bancos e donos de bancos”, completa.

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