PARCIAL

Parlamentar acusa procurador da Lava Jato de agir ‘de forma ideológica’

Segundo Paulo Pimenta (PT), atitudes de Carlos Fernando dos Santos Lima põem em xeque os rumos da operação. Deputado diz também que procurador tem 'passivo na CPI do Banestado'

Brasília – O deputado Paulo Pimenta (PT-RS) denunciou, ontem (22), a postura do procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, que atua na Operação Lava Jato, por ter dito que não está “investigando a Petrobras” e que o foco das apurações da operação seriam “a compra de apoio pelo governo federal, por meio de propina institucionalizada”. Para Pimenta, as declarações se constituem em fato “de proporções graves e sem precedentes, que põe em xeque os rumos e os resultados da operação Lava Jato”. Segundo o parlamentar, “de forma parcial, arbitrária, seletiva, ideológica e direcionada, a peça acusatória da investigação está se transformando numa ferramenta de disputa político-partidária”.

O alerta foi feito pelo deputado durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, com base nas declarações à imprensa dadas pelo procurador. Na última segunda-feira (21), Santos Lima afirmou, em entrevista coletiva: “Quando falamos que estamos investigando esquema de compra de apoio político para o governo federal através de corrupção, estamos dizendo que os casos Mensalão, Petrolão e Eletronuclear são todos conexos porque dentro deles está a mesma organização criminosa e as pessoas ligadas aos partidos políticos. Não tenho dúvida nenhuma de que estão todos ligados à Casa Civil do governo Lula, tudo foi originado dentro da Casa Civil”.

De acordo com o deputado Paulo Pimenta “a fala do procurador é reveladora na medida em que estabelece um foco, traça um rumo e delimita um campo de atuação para a Lava Jato, antevendo que tudo o que foge dessa delimitação estaria isento de ser investigado e, em sentido contrário, que tudo o que foi previamente escolhido para fazer parte dela já estaria, a priori, comprovado”. “Ele assume o pressuposto político e ideológico de que o PT cometeu crimes, e assim o processo é viciado desde o começo”, denunciou o parlamentar.

Caso Banestado

Para Pimenta, “contraditoriamente, o procurador que se investe de função inquisitorial, supostamente em favor da moralidade, adotou conduta suspeita quando participou da força-tarefa que investigou a evasão de divisas do banco estadual paranaense – o Banestado”.

O deputado denunciou que a CPI que investigou o caso recebeu à época documentos provando que, entre 1995 e 2001, a então mulher do procurador, Vera Márcia dos Santos Lima, trabalhava no Banestado e que, durante parte desse período, Carlos Fernando já atuava na investigação do esquema.

“Mais que isso, consta que sua mulher trabalhou em dois dos principais locais onde funcionava a ‘lavanderia’ no Banestado e que, antes de o caso vir à tona, o procurador chegou a negar na CPI que algum parente trabalhasse no banco”, acusou.

Sobre as demais declarações de Santos Lima sobre a Lava-Jato, Paulo Pimenta avaliou que um dos pontos que causam mais perplexidade é, a seu ver, “o fato de a investigação partir do pressuposto de que os crimes cometidos com recursos públicos são um problema exclusivo do PT e de seus aliados”.

“Ora, as doações de empreiteiras para campanhas eleitorais não são uma peculiaridade do PT. Pelo contrário! Na última eleição, a UTC doou mais para a campanha de Aécio do que para a da Dilma. A Odebrecht doou três vezes mais ao PSDB do que ao PT. Mas, na lógica do responsável pela Lava jato, a doação para o PT e seus aliados é crime, e a doação para o PSDB é lícita”, criticou.

Com informações da liderança do PT na Câmara

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