AJUSTES

Dilma promete reforma para enxugar a máquina pública

Presidenta contou que juntará ministérios e grandes órgãos, reduzirá os cargos comissionados e tomará medidas diversas para enxugar a máquina pública

José Cruz/Abr/fotos públicas

Dilma disse que governo está atento a todas tentativas de se produzir um clima de instabilidade no país

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (15) aos jornalistas que anunciará uma reforma administrativa ampla nos próximos dias. “Vou juntar ministérios e grandes órgãos, reduzir os DASs (cargos comissionados, os chamados cargos de direção e assessoramento) e tomar uma série de medidas que vão ajudar a enxugar a máquina pública”, destacou. O anúncio foi feito após solenidade de entrega do prêmio Jovem Cientista.

A presidenta também disse que o governo está atento a todas as tentativas de se produzir um clima de instabilidade no país e que é preciso combater a cultura do “quanto pior melhor” que está em curso. “Conquistamos uma democracia no Brasil a duras penas e faremos tudo para impedir que processos não democráticos se fortaleçam”, enfatizou, numa referência aos movimentos que pedem o seu impeachment.

Entre os parlamentares, as notícias são de que a reunião realizada pela manhã com líderes da base aliada e quatro ministros, no Palácio do Planalto, foi difícil, marcada por críticas e reclamações dos deputados. E essa expectativa prossegue em relação ao próximo encontro, que ocorre logo mais entre a presidenta e ministros com líderes do Senado.

Segundo deputados que participaram da reunião, foi muito discutida a questão da dificuldade que a base terá para aprovar a proposta de retorno da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e, também, feitas reclamações sobre iniciativas propostas referentes ao congelamento do reajuste dos servidores públicos e ao uso de recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para cobrir despesas a serem cortadas do programa Minha Casa, Minha Vida. “Esses três itens foram os que mais causaram polêmica”, contou o parlamentar.

O líder da base aliada, José Guimarães (PT-CE), por outro lado, acentuou que embora tenham sido feitas ponderações e observadas divergências sobre alguns pontos, o encontro mostrou que “há grande interesse por parte de todos de contribuir com o ajuste”.

‘Um erro’

No Senado, o clima demonstrou sinais de “confusão” entre o pensamento da base aliada e da oposição depois que os próprios deputados que dão apoio ao governo resolveram se manifestar contrários às novas medidas. O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que votará contra a nova CPMF, por considerá-la “um erro”. E afirmou que o Executivo deveria ter anunciado, antes, cortes nos ministérios, para somente depois, “pedir sacrifícios à sociedade”.

Também o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou o anúncio e disse que, da forma como foi feito, o ajuste “rompe significativamente com a base política e social do governo”. Em contrapartida, Pinheiro e Farias foram rebatidos pelo atual vice-presidente do Senado, o também petista Jorge Viana (PT-AC).

Durante uma entrevista à Rádio Senado Viana considerou o pacote como “positivo”. Ele reconheceu que haverá certa dificuldade para a aprovação da CPMF mas, destacou que no final, a base aliada contará com a conscientização dos deputados e senadores no sentido de aprovarem a nova contribuição. O senador também acentuou estar certo de que as novidades anunciadas “ajudarão o país a superar esse período de dificuldades”.

Oposição

Uma das surpresas em meio às críticas da oposição foi a declaração do senador tucano Ataídes Oliveira (PSDB-TO). Apesar de ter feito queixas às propostas que tratam de alteração e aumento de impostos, Oliveira defendeu a medida que prevê o repasse de 30% do total dos recursos que hoje são destinados para o chamado Sistema “S”, (formado por entidades como Sesi, Senai e Sesc). Ao mesmo tempo, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) insiste em anunciar que nos próximos dias várias legendas lançarão um movimento contra a votação da CPMF.

A reunião da presidenta e ministros com as lideranças do Senado será iniciada dentro de alguns minutos. Vários senadores já começaram a chegar ao Palácio do Planalto.

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