Ajustes

Corte de gastos do governo pode chegar a R$ 25 bilhões; anúncio sai nesta segunda

Após longa reunião com ministros nesta manhã, Dilma vai anúnciar medidas às 16h, em entrevista coletiva

Wilson Dia/Agência Brasil

Planalto pretende, antes de anunciar formalmente as medidas, pedir o apoio do Congresso para conter a crise

Brasília – É grande a expectativa de parlamentares, diretores, técnicos, analistas econômicos e assessores diretos do Executivo sobre as medidas a serem anunciadas ainda hoje (14), pelo governo, de corte de gastos, para reduzir o déficit orçamentário da União previsto para 2016. A reunião entre a presidenta Dilma Rousseff e 14 dos 39 ministros acabou há pouco e durou perto de quatro horas. O anúncio será feito durante entrevista coletiva a ser realizada às 16h. O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, já saiu do Palácio do Planalto para se reunir com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e antecipar a ele detalhes do que foi decidido, pedindo o apoio do Legislativo na votação das matérias do ajuste.

Durante toda a manhã, a cada momento surgiram novidades não confirmadas sobre pontos das alterações a serem feitas pelo Executivo. Uma delas diz respeito ao volume do corte de gastos, que até ontem era estimado em R$ 20 bilhões. Agora, segundo alguns parlamentares que dizem ter conversado com ministros durante o final de semana, este volume pode chegar a R$ 25 bilhões. E a grande dúvida diz respeito ao que será feito em relação aos programas sociais.

Uma das possibilidades, ressaltada por um parlamentar que teria conversado com integrantes da equipe econômica, é de não serem feitos cortes nos programas sociais propriamente, mas instalada uma equipe para realizar auditoria nos benefícios distribuídos por tais programas, com o objetivo de reduzir ao máximo o número de fraudes e, dessa forma, economizar o valor investido em tais benefícios.

Também se fala em mudanças nas regras de impostos como o PIS/Cofins e Imposto de Renda para Pessoas Jurídicas (IRPJ), assim como a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), mas nada foi antecipado até agora.

De certo, mesmo, o que se sabe é que o Palácio do Planalto pretende, antes de anunciar formalmente as medidas, pedir o apoio do Congresso para conter a crise e acenar com o intuito de parceria neste momento, chamando a atenção de que é necessário um esforço de todos os partidos e lideranças “pelo bem do país”.

Por conta do corte orçamentário que está sendo delineado, a presidenta Dilma Rousseff solicitou aos seus ministros na última sexta-feira que ficassem em Brasília durante o final de semana – exceção que ocorreu apenas com um grupo que viajou com o vice-presidente Michel Temer para países europeus, onde assinam, nos próximos dias, acordos de cooperação técnica. Foram realizadas, antes do encontro de hoje, duas reuniões para tratar dos ajustes no Palácio da Alvorada (residência oficial da presidência): uma no sábado, outra ontem à tarde.

Reforma de ministérios

O anúncio aguardado para hoje só não abordará a questão da reforma administrativa, que também será anunciada nos próximos dias e deverá implicar redução de cargos comissionados, diretorias, fusões e extinções de ministérios. É que a presidenta pretende aguardar o retorno de Temer ao país, para tratar do assunto, antes, diretamente com o vice-presidente.

Participam da reunião no Palácio do Planalto os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia), Edinho Silva (Comunicação Social), George Hilton (Esporte), Gilberto Kassab (Cidades), Gilberto Occhi (Integração Nacional), Jaques Wagner (Defesa), José Eduardo Cardozo (Justiça), Kátia Abreu (Agricultura), Miguel Rossetto (Secretaria-geral da Presidência), Ricardo Berzoini (Comunicações). E também os líderes do governo no Senado e na Câmara, respectivamente, senador Delcídio Amaral (PT-MS) e deputado José Guimarães (PT-CE).