Balanço

‘São Bernardo deixou para trás décadas de abandono’, afirma Luiz Marinho

No aniversário da cidade do ABC paulista, prefeito fala de sua gestão e sobre saídas para crise econômica e política do país

Amanda Perobelli/ABCD Maior

Prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, afirma que manterá foco até o último dia de seu mandato

São Paulo – Escolas de lata, alojamentos precários que serviam como moradia à população, enchentes diárias, falta de leitos na rede municipal de Saúde. Esse era o cenário de São Bernardo até 2009, quando o atual prefeito, Luiz Marinho, assumiu o cargo. Hoje, depois de seis anos e meio à frente da Administração, apresenta o que já conseguiu fazer: nove UPAs, Hospital de Clínicas, reforma das escolas da cidade, construção de novas creches, entrega de 4 mil moradias, além do projeto Drenar, que pretende acabar com os alagamentos, entre outras iniciativas.

Falta um ano e meio para o fim do seu segundo mandato. O sr. já tem na cabeça a diferença de São Bernardo de 2009, quando assumiu a prefeitura, com a cidade em 2016?

Na verdade, o importante é o que a cidade enxergue o processo de transformação que estamos fazendo. Uma coisa é a minha percepção e a outra é a percepção da população, que é a mais importante. Qualquer mudança e desenvolvimento somente fazem sentido olhando para o povo dessa cidade. Para entender como estava a cidade, vamos utilizar uma figura de linguagem: a rodovia Anchieta. Veja como era a rodovia em 1973, quando alguém fez uma armação de viaduto sobre a Anchieta que ligava o nada a lugar algum. E essa ligação que não chega a lugar algum ficou assim durante 36 anos. Nós assumimos e terminamos a obra. Aquele viaduto era uma imagem do que era a cidade. Um município parado e estagnado. Uma cidade que tinha uma rede de edifícios sucateados. Isso vale para tudo, desde o prédio do Paço municipal até os prédios públicos, incluindo escolas, centros culturais e esportivos. Essa era a cidade que assumimos em 2009. Uma cidade que não planejava o futuro e tinha a capacidade para isso.

Quais eram as áreas com mais problemas?

Na saúde, reformamos, ampliamos e reconstruímos toda a rede básica. Fizemos o Hospital de Clínicas, implantamos as redes Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e Cras (Centro de Referência de Assistência Social). Ampliamos as vagas na Educação para eliminar as salas de rodízio e salas superlotadas. Mas o descaso era geral. Nunca planejei a cidade para quatro ou oito anos. Pensamos sempre a longo prazo para melhorar a qualidade de vida dos moradores da cidade e resolver problemas de décadas, que foram arrastados por outras gestões. Como é o caso da mobilidade urbana e das constantes enchentes. Passados seis anos e meio, grande parte desses problemas ficou para trás, com muitas famílias removidas das áreas de risco para os projetos habitacionais, como o Conjunto Três Marias, resultado da urbanização de cinco favelas. Tivemos a obra da avenida Lions, que trouxe grande impacto para mobilidade. Também temos planejados 14 corredores de ônibus. O corredor Leste-Oeste significará, em grandeza, dez obras da Lions, do ponto de vista da importância. Então estamos colocando a cidade em um verdadeiro processo de transformação.

As obras do Drenar eliminarão as enchentes?

O que posso afirmar, com tranquilidade, é que as enchentes que aconteceram em São Bernardo nos últimos 100 anos não acontecerão mais a partir da conclusão dessas obras. Se chover o mesmo volume de chuva dos dias de hoje, não teremos enchente. Temos essa garantia. Há transtornos por causa das obras, mas não é possível fazer uma intervenção sem esse tipo de incômodo temporário. Se alguém faz uma reforma em casa ou no apartamento, enquanto mora no local, também causa transtorno. A cidade é como a casa da gente. A oposição e parte da mídia atuam de forma irresponsável dizendo que o transtorno é maior do que o resultado final. Isso não é verdade. Então creio que a população é sábia e saberá valorizar o que estamos fazendo. Portanto, o povo saberá qual é o seu papel nessas definições, pois foi a população que me deu condições de conduzir tal processo (de transformações) em São Bernardo. Por isso, sou grato ao povo da cidade.

E quais são as prioridades da reta final de seu governo?

Toda a minha energia está na cidade até 31 de dezembro de 2016 e nada além disso. Nesse um ano e meio, teremos muitas realizações em curso e, dependendo, da velocidade que possamos implantar a Operação Urbana (programa municipal que irá negociar papéis na Bolsa de Valores que permitirá aumentar o aproveitamento de terrenos próximos à futura Linha 18 do Metrô e atrair R$ 2 bilhões em investimentos para a cidade), podemos ter novas intervenções provenientes de novos recursos.

O Projeto de Proteção ao Emprego trouxe algum alívio para as indústrias de São Bernardo?

Esse projeto vem trabalhar com a possibilidade de um planejamento de longo prazo e de forma moderna, onde se criam condições de proteção ao emprego em um momento de retração econômica como vivemos agora. O projeto deveria ser implantado em um momento em que a economia estivesse em alta. Deveria ser implantado antes. Mas como a minha mãe dizia: antes tarde do que nunca. Então, melhor agora. Se esse programa estivesse em prática, muitas demissões seriam evitadas. E temos de dar parabéns ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e ao seu presidente, Rafael Marques, que, reconhecidamente, foi o sindicato que mais atuou e trabalhou de forma insistente nesse tema com a presidenta Dilma. Se o setor automotivo voltar a vender, a nossa cidade é uma das primeiras a ser beneficiada, pela característica (industrial) de São Bernardo e isso impacta toda a região.

Entre as propostas em debate no Congresso Nacional está a reforma política, que trata de temas como o fim da reeleição. Tais decisões podem afetar a forma como os prefeitos administram as cidades devido ao menor tempo de gestão?

Na minha avaliação é um grande equívoco acabar com a reeleição, pois não é verdade que todo político se reelege. Acabei de citar o exemplo do ex-prefeito Mario Reali (Diadema) e poderia citar ainda o Aidan (Ravin, ex-prefeito de Santo André), entre outros. Se o governo foi mal não se reelege. Quatro anos é um tempo pequeno para executar projetos. A mudança será uma tragédia, pois muitos vão pensar em planejar por apenas quatro anos e não planejar a longo prazo. Todos os países desenvolvidos e modernos têm reeleição.

Isso pode influenciar nas eleições de 2016?

Há uma conjuntura que pode favorecer lado A ou lado B. Depende muito do que ocorre no local e de como se deu a gestão nos últimos anos. Olhe Diadema, o Mário Reali (PT) perdeu a eleição em um momento em que Lula e Dilma estavam bem. O que o levou a perder? Foram as atuações locais. A eleição tem muitos fatores. Muitas vezes você perde voto no olhar. É disso que se trata. Então, essa eleição depende do trabalho das lideranças locais. A conjuntura pode atrapalhar ou ajudar, mas não é o determinante.

O sr. tem preferência para sua sucessão dentro do PT para a eleição de 2016?

Para mim, o candidato está definido. Agora só falta conversar com o partido. Não tenho mais dúvida, mas agora preciso construir (o consenso interno no PT). Ainda não é hora de revelar quem é. Vamos conversar com lideranças e construir o consenso no partido.

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