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Marcha contra golpe reúne milhares entre o Largo da Batata e a Paulista

Ato público por direitos, liberdade e democracia, convocado por cerca de 50 entidades da sociedade, durou aproximadamente quatro horas

márcia minillo/RBA

Ato pela democracia e direitos começa a receber manifestantes, pouco antes das 17h

São Paulo – O ato público por direitos, liberdade e democracia, convocado por cerca de 50 entidades da sociedade civil, reúne, segundo os organizadores, 60 mil pessoas em São Paulo. Iniciada no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista, no final da tarde de hoje (20), a manifestação termina pela Avenida Rebouças em direção ao vão livre do Masp, na Avenida Paulista.

A reportagem da Rádio Brasil Atual transmite boletins ao vivo diretamente da manifestação, com depoimentos de participantes.

A União da Juventude Socialista (UJS) defende a ampliação de direitos como as políticas públicas de educação e inclusão social. “Nenhuma vaga a menos para o Fies, ou para o ProUni”, disse Nicole Mendes, dirigente da entidade, referindo-se aos riscos de o ajuste fiscal conduzido pelo governo afetar programas sociais. “Nenhum direito a menos. Vamos à luta por mais democracia e pelo direito constitucional da permanência da presidenta eleita”, ressaltou.

Nicole observou que a juventude está entre a parcela da população que mais conta vítimas dos regimes de exceção. Ela lembrou que, na ditadura militar, os jovens foram a maior parte dos presos políticos, torturados e mortos. “Desde a ditadura militar a juventude é assassinada. Agora, ainda continuam os assassinatos de jovens, como os ocorridos na semana passada em Osasco, mortos pela PM. Para nós isso é devido às forças conservadoras que comandam o estado de São Paulo. Para a juventude, sobretudo nos últimos 12 anos, conquistamos mais direitos no âmbito federal.”

“Estou feliz pelo que estou vendo, é importante essa movimentação, para todos saberem que se trata de um golpe e que é preciso respeitar o processo democrático. Um golpe seria uma tragédia para o país”, disse uma manifestante, que se identificou como “moradora de São Paulo e cidadã contra o golpe.”

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Sidney, Cristiane e João Artur: ambulantes dizem que as vendas não passam por crise

Moradores de uma ocupação na avenida Prestes Maia, no centro da capital, o casal de vendedores ambulantes Sidney Pereira de Souza e Cristiane Emilia levou o filho João Artur, de cinco anos, para a manifestação. Para os negócios da família não existe crise. Eles garantem que estão vendendo seus produtos sem dificuldades.

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Para João Rodrigues Siqueira, Eduardo Cunha é uma ameaça para o país, representa o retrocesso

Reforma política e tributária são caminhos para o país sair da crise para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Aposentados do Litoral Norte, João Rodrigues Siqueira. Segundo ele, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), é uma ameaça para o país, representa o retrocesso. “Neste momento precisamos de pessoas que nos tirem da crise política”, defendeu. Siqueira diz que lutou a vida toda contra a ditadura e não vai aceitar retrocessos. “Precisamos garantir a democracia no país.”

A bancária Fernanda Madalena dos Reis foi para a manifestação acompanhada do marido, Ricardo Jaques, colega de profissão. Estão lá, sobretudo, para defender a democracia. Disseram que não aceitarão um golpe contra uma presidenta eleita legitimamente. O casal não aceita também o combate seletivo da corrupção para tirar Dilma do poder.

Para o casal, os manifestantes do dia 16 querem acabar com Dilma e Lula por ódio e não porque existam provas contra eles. “Temos uma ação conjunta da Justiça e dos meios de comunicação que motivam essas pessoas a ir às ruas contra as conquistas dos últimos dez anos”, dizem os bancários, que também são contra a redução da maioridade penal porque acreditam que punir não resolve nada, e que o Estado não pode se esquivar de suas obrigações. “É preciso recuperar o jovem”, defendeu Fernanda. “Os mesmos que querem isso não destinam suas verbas de emendas para políticas públicas para os jovens. Eles não pensam nos jovens, eles só querem puni-los” , completou a bancária.

A enfermeira Maria das Graças de Souza foi à manifestação “especificamente para defender o mandato da presidenta Dilma”. É contra a intolerância que está sendo cultivada na sociedade e quer garantir os direitos dos trabalhadores e do povo pobre. “É preciso respeitar a decisão das urnas. Votei na Dilma, e não só eu, minha família e meus amigos também votaram. As pessoas têm direito de se manifestar, mas é uma clara luta de classes. Aquele dia era a elite, hoje são os trabalhadores que estão nas ruas”, disse.

O estudante Josel Rodrigues disse que foi à rua para impedir retrocessos nas políticas públicas de inclusão dos jovens nas universidades. Negro, ele teme que as políticas de cotas, assim como o ProUni e o Fies, sejam extintos caso haja um golpe ou mesmo se a direita conseguir ter mais poder no Congresso. “Sou estudante negro de uma universidade pública e isso é fruto desses dez anos de avanços sociais”, avaliou.

Vera Lúcia Valentim, moradora de ocupação do MTST, diz que o ato desta quinta é uma resposta ao de domingo, promovido “pela direita conservadora que veio para a Avenida Paulista defender a derrubada de direitos e o ataque ao povo mais pobre”. “Este ato é contra o ajuste fiscal. É injusto que seja o povo a pagar, que seja jogado sobre ele o peso da crise. Isso tá errado. Queremos reforma tributária, reforma política e que os mais ricos paguem pela crise”, encerrou.

 

Com reportagem de Eduardo Maretti e Rodrigo Gomes

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