por democracia

Fórum paulista inclui agenda contra governo do PSDB nas manifestações do dia 20

Movimentos sociais vão para as manifestações de quinta-feira lembrando a crise hídrica, corte de verba nas universidades e demissão de professores na gestão tucana de Geraldo Alckmin

Ernesto Rodrigues/Folhapress

Na terça, comunidade jurídica e movimento social se uniram pela democracia na histórica Faculdade de Direito da USP

São Paulo – O Fórum dos Movimentos Sociais de São Paulo divulgou oficialmente hoje (14) convocatória para ato político que será realizado na próxima quinta-feira (20), a partir das 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste da capital. O ato será “contra o golpe, em defesa da democracia, da Petrobras e do pré-sal, por direitos da classe trabalhadora, contra o ajuste fiscal e por uma reforma do sistema político”.

As manifestações do dia 20 na principal unidade da federação têm importância ao mesmo tempo simbólica e política. Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, o tucano Aécio Neves teve votação expressiva na eleição presidencial de 2014. Ele obteve 64,31% dos votos, ante apenas 35,69% de Dilma Rousseff. Foram impressionantes 15,2 milhões de votos, ante 8,4 milhões da petista.

E o governador tucano Geraldo Alckmin, apesar de problemas como a crise hídrica, conseguiu se reeleger com facilidade, com 57,31% e 12,2 milhões de votos. Foi em São Paulo que aconteceu a principal manifestação contra o governo Dilma, em 15 de março, quando 210 mil pessoas foram à avenida Paulista, segundo o Datafolha.

“Aqui em São Paulo, a direita conservadora e golpista tem expressão forte e se alojou no governo do estado há mais de 20 anos”, diz a convocatória do fórum, que reúne 58 entidades.

Os movimentos declaram, na carta, acreditar “que a ameaça de golpe da direita brasileira, atrelada ao imperialismo, que neste momento se organiza a partir de partidos, de parcela importante e significativa da mídia, de grupos de direita conservadora e reacionária, precisa ser barrada nas ruas pelo povo”.

No manifesto, as entidades afirmam ainda que estarão nas ruas em defesa da democracia com a exigência de que “nenhum direito a mais seja retirado da classe trabalhadora”. A carta menciona as medidas provisórias 664 e 665, que restringiu acesso a direitos sociais.

“As manifestações do dia 20 são para defender a democracia e levar às ruas as bandeiras da classe trabalhadora. Para chamar a atenção da sociedade pelo grave momento que estamos vivendo, quando existe um ambiente muito pesado de construção de um golpe no Brasil. Quem sofreu com a falta de liberdade sabe o valor da democracia”, diz o presidente da CUT de São Paulo, Adi dos Santos Lima. “Estamos convocando todos os movimentos sociais, sindicais, as entidades de classe, no dia 20, para irmos às ruas também em resposta ao governo pelas medidas econômicas do ajuste fiscal, que afetam diretamente a classe trabalhadora”, acrescenta.

O dirigente paulista afirma que os trabalhadores esperam do governo federal medidas que alavanquem a produção e baixem os juros. “Aumentar os juros é estimular a especulação no Brasil e especulador não investe em produção.”

Para Raimundo Bonfim, coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), a tentativa de interromper o mandato de Dilma Rousseff acontece “mais pelas suas virtudes do que pelos seus defeitos”. “Temos um desafio dia 20, que é defender o governo Dilma da tentativa golpista. Ao mesmo tempo, dizer que é preciso, por parte do governo, ter uma pauta mais à esquerda, mais vinculada aos movimentos sociais e aos trabalhadores.”

“Queremos que a presidenta Dilma continue governando nosso país, mas queremos que ela avance nas pautas dos movimentos populares e dos trabalhadores”, explica Bonfim.

Na noite de terça-feira (11), os movimentos ganharam a adesão de advogados, juristas e estudantes de direito, que promoveram ato em defesa do estado democrático de direito no Largo São Francisco (centro da capital paulista), onde funciona a Faculdade de Direito da USP.

Maioridade penal, crise hídrica, terceirização

Para Melissa Carla Silva, coordenadora da Frente Nacional contra a Redução da Maioridade Penal, os movimentos que fazem parte do fórum têm também a oportunidade de somar suas bandeiras específicas ao contexto maior da luta pela democracia. “São vários temas, mas é um objetivo só: a defesa da democracia. Para que ela seja respeitada, é preciso que as pessoas envolvidas sejam respeitadas.” 

Melissa menciona a terceirização e a redução da maioridade penal como exemplos da “série de coisas que estão sendo votadas no Congresso” contra os direitos.

Uma das bandeiras específicas das manifestações do dia 20 aponta para um tema que diz respeito ao estado de São Paulo: a crise hídrica, entre outras pautas, colocada no contexto geral. “Nessa manifestação, vai-se concentrar toda a força política que ganhou as eleições no país para defender a democracia. Aqui, em São Paulo, o conservadorismo se expressa no governo (Geraldo) Alckmin, do PSDB”, diz Hamilton Rocha, do Coletivo de Luta pela Água.

Segundo Rocha, esse conservadorismo do governo estadual “se manifesta na falta e no processo de privatização (do fornecimento) de água, no corte de verba nas universidades, na demissão de mais de 2 mil professores na rede estadual, na falta de pagamento dos professores na greve em São Paulo”.

Também para Gabriel Solero, da Consulta Popular, o ato alia a necessidade de defender as instituições, o resultado das eleições de 2014 e também levar às ruas as bandeiras dos trabalhadores. “Precisamos de mudança na política econômica, precisamos avançar em direitos para a classe trabalhadora, garantir que esse governo eleito democraticamente permaneça no seu mandato e que a democracia seja exercida no país.”

Em resposta à sistemática crítica de diversos setores da sociedade civil, não só sobre a agenda de seu governo no segundo mandato, como também sobre sua alegada falta de diálogo, a presidenta Dilma Rousseff reuniu-se ontem (13) com centenas de movimentos sociais em Brasília.

“Eu sei de que lado estou. Na minha vida, já mudei muito. Às vezes para melhor, outras, segundo algumas pessoas, até para pior. Mas eu nunca mudei de lado”, disse Dilma, repetindo o que havia dito no congresso do PT em Salvador, em junho, quando afirmou: “Eu não tenho receio de ser submetida ao julgamento da história. Estive sempre deste lado do qual estamos”.

Na quarta-feira, a presidenta participou da Marcha das Margaridas, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, com a participação de cerca de 70 mil mulheres.

Leia mais:

Assinam a convocatória do fórum dos Movimentos Sociais do Estado de São Paulo:

Afuse (Sindicato dos Funcionários e Servidores da Educação de São Paulo)
Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo)
Centro Acadêmico XI de Agosto
CMP (Central de Movimentos Populares)
Coletivo de Luta pela Água
Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negras)
Consulta Popular
CPT (Comissão Pastoral da Terra)
CRECE (Conselhos dos Representantes dos Conselhos de Escola)
CUT Nacional
CUT/SP
CTB São Paulo
Facesp (Federação das Associações Comunitárias do Estado de São Paulo)
FAF (Federação da Agricultura Familiar do Estado de São Paulo)
Fetam (Federação dos Trabalhadores da Administração e do Serviço Público Municipal no Estado de São Paulo)
Fetec (Federação dos Bancários da CUT)
Fetquim (Federação dos Trabalhadores do Ramo Químico da CUT no Estado de SP)
FETSS (Federação dos Trabalhadores em Seguridade Social no Estado de São Paulo)
FLM (Frente de Luta por Moradia) 
FNSA (Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental)
FNU (Federação Nacional dos Urbanitários)
Frente Nacional Contra a Redução da Idade Penal
Frente Todos pela Democracia
Levante Popular da Juventude
MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens)
Marcha Mundial de Mulheres
MMPT – (Movimento de Moradia Para Todos)
MSTL – (Movimento Sem Terra de Luta)
MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra)
MTD/SP (Movimento de Trabalhadores e Trabalhadoras Desempregados)
Rede Nossa São Paulo
Sepesp (Sindicato dos Escrivães de Polícia do Estado de São Paulo)
Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo)
Sindicato dos Bancários de São Paulo
Sindicato dos Bancários do ABC
Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba
Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Sindicato dos Químicos de São Paulo
Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente – SINTAEMA
Sindicato dos Oficiais Marceneiros de São Paulo
Sindicato dos Metalúrgicos de Jaguariúna
Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto
Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de SP
Sindipetro Unificado de São Paulo
Sindsaúde-SP (Sindicato dos Trabalhadores Públicos na Saúde do Estado de São Paulo)
Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo)
Sinpsi (Sindicato dos Psicólogos do Estado de São Paulo)
Sinsexpro (Sindicato dos Trabalhadores nas Autarquias de Fiscalização do Exercício Profissional e Entidades Coligadas no Estado de São Paulo)
Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza)
Sitraemfa (Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência e Educação à Criança, ao Adolescente e a Família do Estado de São Paulo)
UBM (União Brasileira de Mulheres)
UEE (União Estadual dos Estudantes de São Paulo)
UJS (União da Juventude Socialista)
UMM (União do Movimento de Moradia)
Unegro (União de Negros pela Igualdade)
Upes (União Paulista dos Estudantes Secundaristas)