Maioridade penal

Vannuchi: ‘Vitória foi emocionante, mas é cedo para comemorar’

'Dentro do clima de insensatez generalizada e golpista, é uma luz que aparece', diz Vannuchi, pedindo aos colegas dos chamados 'jornalões', que ainda tenham 'dignidade' e acompanhem os passos de Cunha

Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Vannuchi: “Se imprensa tivesse intenção de combater corrupção, primeiro passo seria não proteger Cunha”

São Paulo – O resultado da votação sobre um substitutivo à proposta de emenda à Constituição (PEC) 171 representou “uma vitória emocionante”, mas o analista político Paulo Vannuchi, diz em comentário para a Rádio Brasil Atual, hoje (1º), que ainda é cedo para comemorar, porque o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ainda pode executar alguma manobra, como aconteceu recentemente no caso do financiamento privado de campanhas. De qualquer forma, Vannuchi observa que a votação desta madrugada foi “a mais importante derrota até agora” sofrida pelo deputado e “uma luz” no atual momento político.

“Dentro do clima de insensatez generalizada e golpista, é uma luz que aparece”, diz Vannuchi, pedindo aos colegas dos chamados “jornalões”, que ainda tenham “um mínimo de dignidade”, que acompanhem os próximos passos de Cunha. Ele salienta que há notícias indicando uma nova votação da PEC, desta vez prevendo redução da maioridade em todos os casos. O substitutivo rejeitado previa redução apenas para os chamados crimes hediondos, como latrocínio e estupro.

O analista destacou a atuação do “aguerrido movimento estudantil”, presente durante todo o processo de votação, e lembrou que inclusive o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa se alinhou, nesse caso, com o governo e os movimentos de direitos humanos. Segundo Vannuchi, a redução da maioridade só agravaria o problema, permitindo fornecer “mão de obra barata” para o crime organizado.

Vannuchi também chama a atenção para a questão da cobertura do tema pela mídia tradicional. “Se o partido da imprensa golpista tivesse a intenção de combater a corrupção, o primeiro passo seria não proteger Eduardo Cunha”, afirma, apontando uma “blindagem” em defesa do deputado, por enxergá-lo o congressista como um “aliado contra Dilma, para impedir que Dilma governo o Brasil e para impedir que a vontade do eleitor seja respeitada”.

Ele recorda a ação de Cunha para reverter a derrota na votação sobre o financiamento privado. “Um mês atrás, durante a madrugada, ele chamou ao seu gabinete cada um dos parlamentares dos partidos ‘nanicos’ e ameaçou-os de aprovar, na reforma política, uma emenda que acabasse com os recursos financeiros. Ameaçou também com a cláusula de barreira, que acabaria até com os mandatos desses partidos. Em 24 horas, ele reverteu ilegalmente a derrota, rasgando o regimento interno e dispositivos constitucionais”, diz o analista.

Ouça comentário na íntegra para a Rádio Brasil Atual:

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