avanços sociais

Vannuchi: ‘Boff defende os projetos que levaram o PT ao poder’

Analista afirma que teólogo teve o discurso incentivado pela fala do Papa Francisco

Guilherme Santos/Sul21

Boff: “São 723 pessoas no mundo que controlam 80% dos fluxos financeiros mundiais”

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi, em sua coluna na Rádio Brasil Atual, falou hoje (14) sobre o encontro de Leonardo Boff com religiosos e ativistas dos direitos humanos, na manhã de ontem (13), na sede do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no qual ele defendeu o projeto que levou o PT ao poder. “Boff teve um discurso impulsionado pela fala do papa dias antes em Santa Cruz de la Sierra”, analisa Vannuchi.

O comentarista lembra que Boff não participou da criação do PT, mas ainda defende as causas que o partido desenvolveu no país. “Ele coloca como centro de sua mensagem hoje uma defesa aberta ao PT, de que os erros do partido são graves e profundos, precisam ser corrigidos, mas ninguém pode se enganar, pois na tentativa de atacar o PT, o que se pretende é atacar os avanços sociais democráticos dos últimos anos para o Brasil voltar ao que era: um país de elites intolerantes, de exclusão.”

Vannuchi afirma que o teólogo teve sua fala impulsionada pelo discurso do papa Francisco. “Boff disse que não aguenta mais ver o sistema capitalista, e que através dos operários, camponeses e índios seria possível alguma mudança.”

“Nossa classe dominante é a mais egoísta, mais reacionária e mais desumana”, diz Leonardo Boff. “São 723 pessoas no mundo que controlam 80% dos fluxos financeiros mundiais. Eles decidem aonde investir, e que mercados atacar e, até mesmo, que país enfraquecer”, diz, sobre o que chama de “guerra econômica”.

A recente crise grega também foi pauta do teólogo. As imposições da União Europeia – munidas de seus instrumentos e aliados ao mercado norte-americano – sobre o país afetam negativamente a população local. “A economia nazista da América é baseada em não aceitar discussão nenhuma e impor totalmente a austeridade”, afirma. “Existe a perspectiva do império de se manter coeso, unido. Ele pretende alinhar todos a seus interesses”.

Para manutenção do caráter global do império financeiro, é possível notar a articulação por mais espaço à economia e estado mínimo (ponto chave do liberalismo econômico). “Trata-se de difamar o estado como ineficaz, difamar a política como corrupta, e assim criar espaços para os negócios”, diz Boff, citando o filósofo norte-americano Noam Chomsky, dizendo que “a estratégia atual visa desestabilizar governos que não se alinhem ao império”.

Aplicando ao Brasil, Boff defende que a democracia brasileira “parece uma farsa”. “É uma democracia de clientela, de baixa intensidade. Cerca de 70% dos deputados foram eleitos por dez grandes empresas. Eles não representam o povo brasileiro, e sim os negócios”.

Ouça o comentário completo na Rádio Brasil Atual.

E assista abaixo a reportagem da TVT.

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