oposição irresponsável

‘Golpe pode e deve ser derrotado em benefício da democracia’, afirma Vannuchi

Cientista político diz que tucanos querem transformar caso de aprovação das contas do governo no TCU em lance para defender mais uma vez o impeachment de Dilma Rousseff

Elza Fiúza / ABr

Nardes: carreira na política conservadora desde os tempos da Arena e agora a partidarização do TCU

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi criticou hoje (22) a oposição, que quer transformar a aprovação das contas de 2014 do governo pelo Tribunal de Contas de União (TCU) em mais um lance na tentativa de golpe para tirar Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. “A razoabilidade desapareceu no país, que vive hoje um clima de golpe. Felizmente, não é um golpe militar, as Forças Armadas têm sua posição constitucionalista, é um golpe que pode e deve ser derrotado, não em benefício do PT, mas em benefício da democracia brasileira, porque o absurdo, a estupidez do golpe é que, se houver o impeachment, esse país corre o altíssimo risco de se tornar ingovernável, ou governado com a repetição daqueles terríveis climas, como mortes, sangue e o fim de qualquer convivência democrática, pacífica entre pensamentos políticos contrários.”

O governo apresenta hoje sua defesa ao TCU para evitar que as contas de 2014 sejam reprovadas. O TCU constatou atrasos no repasse de recursos do Tesouro aos bancos públicos para pagamento de benefícios de programas sociais, como o Bolsa Família. “É o último prazo para examinar a defesa de um caso altamente partidarizado pelo relator Augusto Nardes, que é uma pessoa de longa carreira política na Arena, a partir do interior do Rio Grande do Sul, que acompanhou todas as evoluções de sigla que esse partido teve até chegar no atual Partido Progressista (PP)”, afirma o cientista político em comentário à Rádio Brasil Atual.

“Ele foi indicado, como todos os demais membros, a partir de uma disputa política partidária feroz, dentro do Legislativo. Ele venceu o petista que era candidato pelo Senado no lugar dele, o José Pimentel (PT-CE), e, claro, uma vez lá ele levou adiante esse seu enfrentamento político partidário, assim como durante tanto tempo ali o senador pernambucano do PFL (atual DEM), o José Jorge, ministro também do período Fernando Henrique, e tantos outros, que fazem de lá muito menos um Tribunal de Contas e mais um órgão de disputa política para favorecer o seu partido, o seu governo e enfraquecer os adversários”, disse.

Vannuchi diz que em momentos de dificuldades de caixa, o governo adiou o repasse de recursos financeiros “para não deixar parar os programas sociais, como o Bolsa Família”. A questão, no entanto, envolve a Lei de Responsabilidade Fiscal. “A defesa que o governo apresenta hoje, segundo o Advogado Geral da União, vai dizer que se trata de um contrato de prestação de serviço, no caso com a Caixa Econômica Federal.”

A questão tem sido tratada pela grande imprensa como “pedaladas fiscais”. O assunto interessa à mídia conservadora que faz pressão cotidianamente pelos superávits primários que beneficiam o pagamento de juros aos bancos. Vannuchi também critica a Folha de S.Paulo “com esse exagero de dizer que a atitude do governo irrita o TCU. No fundo, o jornalista que escreveu e o editor que aprovou estão participando como militantes políticos que querem promover a rejeição das contas de Dilma para tirá-la do governo. Isso é feito como se o jornalista escrevesse para os ministros do Tribunal de Contas”.

“O assunto é muito importante porque na medida que fica cada dia mais claro que no plano da honestidade, da lisura, Dilma é intocável, então, aumenta a aposta tucana, insensata, de tentar o impeachment pela recusa das suas contas”, continua Vannuchi. “E quais os problemas do impeachment, além da ingovernabilidade de médio prazo? Qualquer tucano sensato, sereno, se houver algum ainda, vai entender que é muito melhor esperar o processo eleitoral vencer legalmente as eleições e governar com o necessário respeito da oposição, no caso do próprio PT, porque aí todos somos parte do jogo democrático. O impeachment, uma manobra dessa violência, vai introduzir ilegitimidade à democracia, que corre perigo. O movimento social vai para as ruas em defesa da democracia antes e depois de qualquer tentativa golpista”, disse.

Ouça o comentário de Paulo Vannuchi para a Rádio Brasil Atual:

Leia também

Últimas notícias