PEC 171

Em clima tumultuado, estudantes lotam entradas da Câmara e deputado se machuca

Tensos, parlamentares aguardam sessão trocando farpas. Protestos incluem desde prática de topless a gritos contra Cunha e pedidos por mais verba para saúde e educação

Gustavo Lima/Câmara dos Deputados

Deputado Paulo Teixeira (PT-SP) disse que quem faltou com o respeito à Câmara foram manifestantes levados Força Sindical

Brasília – Como já era esperado, está tenso o clima na Câmara dos Deputados nos momentos que antecedem a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171, referente à redução da maioridade penal. Perto de 200 estudantes estão concentrados em frente ao anexo 2 da Casa pedindo para entrar para as galerias. Estima-se que cerca de 500 já estejam dentro do Congresso. Muitos dos que aguardam argumentam que integram o grupo de representantes das entidades que obtiveram liminar do Supremo Tribunal Federal autorizando o acesso ao local, mas ainda está complicada a autorização. Há pouco, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), ao chegar à casa, desequilibrou-se e caiu, enquanto discutia com os manifestantes. Ele foi encaminhado ao posto médico.

Segundo assessores da segurança legislativa, Fortes apenas teve arranhões em função da queda, mas passa bem e sem ferimentos. Mas o episódio ampliou o nível das discussões no plenário e levou os deputados a trocarem acusações uns com os outros. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a entrada dos estudantes autorizados pelo STF ainda não foi totalmente permitida porque no momento em que muitos deles estavam tendo acesso às galerias houve um princípio de tumulto em frente à área de taquigrafia, que precisou ser contido pelos seguranças.

“Se não houver baderna, não nos oporemos a que entrem. Estão no seu direito. Mas não vou poder admitir desrespeito”, disse Cunha. Parlamentares da base aliada que estão acompanhando os manifestantes negaram a versão e acusaram o presidente de estar usando de artifícios para impedir a entrada deles às galerias.

Protesto pacífico

O primeiro a rebater Eduardo Cunha foi o deputado Paulo Teixeira (PT-SP). “Quem faltou com o respeito a esta casa foram manifestantes trazidos aqui pela Força Sindical (durante votação da Medida Provisória 665, que alterou regras do seguro-desemprego) e pouco foi feito pela mesa diretora, na ocasião. Os estudantes estão aqui hoje para protestar pacificamente. Quem humilhou os deputados foram estas pessoas às quais me referi, não a juventude do movimento estudantil”, afirmou.

Do lado de fora, um outro começo de confusão foi provocado por moças que, ao serem obrigadas pelos seguranças do Congresso a recuar da área mais próxima da entrada para a chapelaria (no trecho que dá acesso ao Congresso Nacional pelo subsolo, principalmente pelos parlamentares), resolveram tirar a blusa e fazer topless.

Entre os grupos que estão em frente à entrada da Câmara, as frases são, principalmente, contra Eduardo Cunha e pedidos para “mais dinheiro para saúde e educação” em vez da redução da maioridade. Há pouco, os líderes partidários encerraram a reunião para definir o rito dos trabalhos e decidiram que não vão obstruir a sessão. Mesmo assim, a votação promete ser longa.

Não há estimativas oficiais da Polícia Militar sobre o número de pessoas concentradas na Esplanada dos Ministérios, mas as entidades que organizaram a mobilização estimam que até o final da sessão perto de 8 mil pessoas tenham passado pelo local desde o início da manhã.

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