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Frente parlamentar de evangélicos ataca discussão de gênero nas escolas

No lançamento da frente, ontem (12), na Assembleia Legislativa, deputados distribuíram cartilha na qual conclamam vereadores a vetarem o termo 'ideologia de gênero' nos planos municipais de educação

banco de imagens/assembleia legislativa de sp

Auditório estava tomado por parlamentares evangélicos e muitos pastores e líderes religiosos

São Paulo – Deputados paulistas lançaram na manhã de ontem (12) a Frente Parlamentar Evangélica. A cerimônia ocorreu no auditório Franco Montoro, na Assembleia Legislativa de São Paulo. Não havia assentos livres. O auditório estava tomado por parlamentares evangélicos, alguns deles vereadores de cidades paulistas, e muitos pastores e líderes religiosos.

Sob a coordenação do deputado Carlos Cezar (PSB) e apoio da liderança de seu partido, a frente constitui como membros titulares os deputados Adilson Rossi (PSB), André Soares (DEM), Caio França (PSB), Celso Nascimento (PSC), Cezinha de Madureira (DEM), Coronel Telhada (PSDB), Gil Lancaster (DEM), Gilmaci Santos (PRB), Marcos Neves (PV), Marta Costa (PSD), Paulo Correa Jr. (PEN), Rodrigo Moraes (PSC) e Wellington Moura (PRB). “Temos o apoio total de 28 parlamentares desta casa”, contabilizou Carlos Cezar.

Durante o ato foi distribuída uma cartilha na qual os deputados conclamam os parlamentares municipais a vetarem o termo “ideologia de gênero” nos planos municipais de educação. Os PME definirão as diretrizes para a próxima década. No documento, elaborado pela frente parlamentar evangélica, foi citado um parecer da polêmica ativista e psicóloga Marisa Lobo, de Curitiba (PR). Ela afirma que “a introdução de ideologia de gênero nas escolas significaria a permissão de toda a perversão sexual (incluindo incesto e a pedofilia), a incriminação de qualquer oposição ao homossexualismo (crime de homofobia), a perda do controle dos pais sobre a educação dos filhos e a extinção da família”, enumerou o texto, num tom alarmista.

O deputado federal João Campos (PSDB/GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica em Brasília, participou também da cerimônia e lembrou a força dos religiosos no país, que segundo ele, já seria de 30% da população. Ele comemorou ainda o resultado dos protestos realizados na quarta-feira (10), quando interromperam uma sessão plenária na Câmara Federal exibindo faixas com a cena de uma transexual na cruz, durante a última Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo, e outras imagens obtidas pela internet, em manifestações fora do país e também numa ação durante a Marcha das Vadias no Rio de Janeiro, em 2013.

Imagens fortes que sofreram grande repúdio nas redes sociais durante a semana. “Interrompemos uma votação, a ordem do dia, o plenário parou e nos aplaudiu”, comemorou, afirmando que a ação elevou “o conceito dos deputados evangélicos”, o que será útil “em muitas outras batalhas que enfrentaremos na casa”, disse, arrancando aplausos. Campos disse que pretende apoiar a expansão de frentes parlamentares evangélicas em todas as casas legislativas e, elevando o tom, tal qual um pregador carismático, discursou que o estado é constituído por três elementos. “Povo, território e governo. O governo e o território são laicos, mas o povo é crente”. Em troca, recebeu aleluias e glórias a Deus.

Confortável na tribuna, João Campos elogiou as ações do deputado evangélico Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a quem chamou de irmão, e afirmou ainda que a Proposta de Emenda à Constituição 99, de 2011, de sua autoria, pode ser votada em plenário em breve. A PEC acrescenta ao artigo 103, da Constituição Federal, o inciso que dispõe sobre a capacidade postulatória das associações religiosas para propor ação de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade de leis ou atos normativos, perante a Constituição Federal. Entidades de classe como a OAB e as confederações sindicais já têm a prerrogativa de questionar a legitimação de uma lei. A diferença entre elas e as associações de religiosos é que as primeiras são laicas, não ferindo, portanto, a Constituição.

Senador Feliciano

Outro parlamentar federal que esteve no lançamento foi o deputado Marco Feliciano (PSC). Recebido com pompas de astro popular, ele foi citado, por diversos deputados da frente, como provável candidato ao senado federal nas próximas eleições. Feliciano agradeceu o apoio e declarou que sofria muitas perseguições por “suportar todo o peso do cristianismo”.

A primeira ação da Frente Parlamentar já tinha data. Ocorreria, segundo o deputado Carlos Cézar, coordenador da FPE paulista, ainda na tarde de ontem. “Entregaremos à Procuradoria Geral de Justiça um documento de repúdio e pediremos, com base no artigo 208 do Código Penal, ações efetivas contra os que vilipendiaram a nossa fé”, afirmou, referindo-se ao transexual que personificou Jesus Cristo durante a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo do último domingo (7).

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