No Congresso

PDT anuncia que votará com governo na próxima medida do ajuste fiscal

Segundo líderes, intenção é continuar aliada e com postura ‘independente’. Mas se partido deixar base, ‘será de cabeça erguida e pela porta da frente’. Lupi garante que partido não irá 'para a direita'

Brasília – Os integrantes do PDT deixaram claro hoje (15), durante reunião da executiva nacional do partido, que não cogitam a saída da legenda do governo Dilma Rousseff nem a troca do titular do Ministério do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, conforme se cogitou nos últimos dias. Enquanto nos bastidores de vários gabinetes do Congresso Nacional o assunto continua em suspenso – como repercussão da votação das últimas duas emendas provisórias do ajuste fiscal, que tiveram voto contrário dos pedetistas –, tanto o líder da legenda na Câmara, André Figueiredo (CE), como o presidente do partido, Carlos Lupi, fizeram discursos no sentido de permanecer.

“Estamos aqui para integrar a base aliada, sim, mas para defender nossas bandeiras e mostrar o caminho que consideramos ser correto. Se o governo não aceitar, problema do governo”, afirmou Figueiredo. “Se por acaso for decidido que teremos que sair, sairemos pela porta da frente, de cabeça erguida”, acrescentou Lupi.

Na última quarta-feira (13), alguns setores do Palácio do Planalto deram como certa a possibilidade de, se o PDT for mantido na base aliada, o governo exigir ao menos a troca de titular do Ministério do Trabalho. A leitura que teria sido feita pelos ministros do gabinete político do Executivo foi de que Dias não tem boa capacidade de diálogo com a equipe, o que teria resultado na iniciativa dos pedetistas de votar contra o texto das MPs 664 (que alterou regras de auxílio-doença e pensão por morte) e 665 (que alterou regras do seguro-desemprego e abono salarial). Tal possibilidade foi descartada pela maior parte dos pedetistas presentes ao encontro, mas os principais dirigentes não abordaram o assunto durante suas intervenções.

Ao falar sobre o resultado da apreciação das duas medidas provisórias, André Figueiredo disse que, se por um lado a bancada do PDT votou contra o texto-base das MPs e pela retirada do fator previdenciário, por outro se prepara para votar a favor do projeto de lei que reduz os índices de desoneração das empresas. O projeto também faz parte do pacote de ajuste fiscal e deve ser apreciado no plenário da Câmara nas próximas semanas.

“Nossa posição não é de contraposição ao governo, mas de defesa de bandeiras históricas trabalhistas. Tanto que, com a mesma garra com a qual nos posicionamos contrários à retirada de direitos dos trabalhadores, já avisamos (ao Palácio do Planalto e à liderança do governo na Câmara) que também vamos votar  com a próxima matéria do ajuste, que tem como objetivo reduzir a lucratividade exacerbada de vários setores da economia”, enfatizou o líder.

Segundo Figueiredo, a intenção do PDT não é “derrubar o governo” como – afirmou –desejam partidos da oposição. Mas os pedetistas querem autonomia para opinar e dizer “se consideram correto o caminho que está sendo adotado pelo Executivo”.

“Estamos prontos para dizer o caminho que achamos ser correto. Se o governo vai concordar ou não com o que dissermos e entendermos como correto é outra história. Queremos ser da base, mas nos mantendo com independência.”

“Nossa coerência”

A legenda definiu que precisa ampliar o número de prefeitos em 2016. Por causa disso, o senador Cristovam Buarque (DF) foi designado pela executiva para percorrer o país e conversar com os diretórios – com vistas à estratégia para as eleições do ano que vem.

Lupi afirmou que não existe hipótese de o PDT “ir para a direita”. “Estamos aqui buscando o que é melhor para o PDT, em sintonia com a nossa história e a nossa coerência, não pela discussão pró-PT ou anti-PT. Apoiamos o governo, mas não abrimos mão da defesa do trabalhador e ninguém nos fará votar contra os interesses dos trabalhadores, nem faremos coro com os falsos moralistas do PSDB”, acentuou, pedindo cautela. “Não vamos engolir sapo. Não vamos deixar tirar direitos dos trabalhadores. Temos que deixar claro que nós não temos nada a ver com essa onda contra o governo da Dilma. Vamos exigir do governo federal respeito conosco, com as nossas causas. Mas isso não significa que faremos coro com a nova direita que quer derrubar o governo.”


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