CPI

Vaccari nega doações ilegais de fornecedores da Petrobras para campanha

Tesoureiro do PT reafirma que declarações contra ele no âmbito das delações premiadas não são verdadeiras. Funcionário da vice-presidência da Câmara solta ratos na sessão, é detido e demitido

Marcelo Camargo / ABr

Vaccari: “Doações de forma voluntária, sem outro compromisso; essa tem sido a forma de fazer arrecadação”

São Paulo – Em depoimento hoje (9) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirmou que todas doações ao partido intermediadas por ele obedeceram à legislação e normas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – inclusive doações feitas por empresas que têm contratos de fornecedores da Petrobras. Vaccari reafirmou que todas as doações são feitas por transações bancárias e com prestação de contas ao TSE.

“Durante o período em que estou na tesouraria sempre que fiz visitas a empresas ou pessoa física que fizeram doações, elas foram feitas de forma voluntária, sem nenhum outro compromisso. Essa tem sido nossa forma de fazer a arrecadação do PT. Prestamos conta dessa arrecadação ao TSE e nunca tivemos problemas com a Receita”, disse.

Antes de os deputados iniciarem as perguntas, Vaccari apresentou dados das duas últimas eleições, segundo as quais a distribuição de doações de empresas investigadas pela Operação Lava Jato ficou equilibrada entre PT, PMDB e PSDB.

Vaccari negou que tenha tratado de doação de recursos com executivos da Petrobras e com o doleiro Alberto Yousseff. O tesoureiro disse não ter conversado com o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, sobre finanças do PT ou qualquer outro assunto que envolva recursos financeiros. Em resposta a parlamentares, repetiu que as declarações a seu respeito na delação premiada não são verdadeiras.

Relatou que também não tratou de assunto relacionado a finanças com o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco. “Minha relação com ele sempre foi casual e sem nenhuma intimidade”.

Em relação ao doleiro Alberto Yousseff, o tesoureiro do PT disse que o conheceu casualmente há muitos anos e também não teve qualquer tipo de negociação financeira com ele.

Vaccari é suspeito de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, de acordo com delatores da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Eles afirmam que o tesoureiro intermediou doações de propina em contratos com fornecedores da Petrobras. O dinheiro seria usado para financiar campanhas políticas.

Segundo a denúncia apresentada à Justiça Federal pelo Ministério Público Federal, no Paraná, Vaccari teria participado de reuniões com ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, nas quais eram acertados os valores de propina que seriam transferidos ao PT como doações legais.

Em depoimento na CPI, no início de março, o ex-gerente executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, disse que também se reuniu com o tesoureiro do PT a fim de tratar do pagamento de propina ao partido.

Ontem (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou pedido da defesa de Vaccari para que ele não fosse ouvido na CPI da Petrobras na condição de testemunha. Caso fosse prestar depoimento como testemunha, teria de assinar termo com o compromisso de dizer a verdade. Com a decisão do STF ficou assegurado também que o tesoureiro tem o direito de ser acompanhado por um advogado e o direito de não se autoincriminar.

Ratos e tumulto

Luis Macedo / Câmara dos Deputados
Ratos no início da sessão: comissionado que soltou os animais foi exonerado a pedido do presidente da Casa

No momento em que Vaccari chegava ao auditório, um funcionário identificado como Márcio Martins Oliveira, comissionado lotado no gabinete da vice-presidência da Câmara, ocupada pelo deputado Giacobo (PR-PR), soltou ratos no chão e causou tumulto.

O funcionário, não concursado, já foi demitido. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), determinou a exoneração. Os parlamentares do PT não se contentaram com a medida e pediram investigação sobre as condições em que o servidor conseguiu elaborar e executar o gesto.

O tesoureiro do PT se mantém calmo após quase três horas de depoimento, mesmo diante de intervenções grosseiras e até teatrais de deputados como André Moura (PSC-SE), Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Onix Lorenzoni (DEM-RS), que utilizaram suas falas para enfatizar acusações feitas por meio de delações premiadas e hostilizar o depoente.

Alguns deputados recorreram ao presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB) para que assegurasse que os parlamentares não empregassem métodos intimidatórios e degradantes. Carlos Sampaio, depois de usar seu tempo de inquirição, retirou-se da sessão.

Com informações da Agência Brasil e da TV Câmara

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