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Gabinete de Temer investiga site apócrifo que defende vice no lugar de Dilma

Página foi criada nos Estados Unidos e está cercada de mistérios. Para sua abertura, 17 dias atrás, foi usado o CPF de um dos assessores de Eduardo Campos que morreu ao lado dele, em agosto passado

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Gabinete do vice explicou que não foi feito nada para tirar o site do ar porque o que ocorrido consiste em crime

Brasília – O gabinete do vice-presidente da República, Michel Temer, está investigando o site apócrifo intitulado www.micheltemerpresidente.com, que entrou no ar no último dia 15, e se mantém envolto em vários mistérios. A página “lança” Temer à Presidência da República em 2018 ou sua ascensão ao cargo, num cenário de saída da presidenta Dilma Rousseff. Aponta motivos pelos quais o vice-presidente seria credenciado para assumir o Executivo e pede que as mensagens lá existentes sejam compartilhadas em redes sociais.

Segundo assessores da vice-presidência, o site foi criado nos Estados Unidos e alojado de uma forma que dificulta a descoberta da pessoa que o montou, motivo pelo qual ainda não se chegou a uma conclusão das investigações. O CPF utilizado para sua criação é do falecido jornalista Carlos Augusto Ramos Filho, conhecido como Carlos Percol, e que foi assessor do ex-governador pernambucano Eduardo Campos – candidato à presidência da República pelo PSB, morto em agosto do ano passado. Percol estava ao lado de Campos no acidente aéreo que vitimou o então candidato e sua equipe em São Paulo. Ou seja, seu CPF foi utilizado, em março deste ano, por outra pessoa.

De acordo com informações da assessoria do vice-presidente, Temer não pretende dar qualquer declaração a respeito até o resultado das apurações. O gabinete do vice também explicou que não foi feita qualquer iniciativa no sentido de tirar o site do ar porque o que aconteceu consiste num crime, já está comprovado que a página não é verdadeira e o governo entende que cabe, portanto, aos órgãos competentes tomar os procedimentos necessários após a conclusão dos trabalhos.

Outros ataques

As informações de bastidores, porém, são de que Michel Temer teria ficado irritado com o espaço criado em seu nome. Na véspera das manifestações de protesto contra o governo, no dia 14 de março, a conta de Twitter de Temer foi hackeada com uma foto do vice-presidente e a frase “agora ele é quem manda”. E não foi a primeira vez em que páginas apócrifas com o seu nome ou mensagens falsas foram veiculadas.

Ontem (31), o jornal Folha de Pernambuco ouviu a viúva do jornalista Carlos Percol. Conforme a reportagem, a também jornalista Cecília Ramos demonstrou surpresa com a descoberta de que o número do CPF do marido tinha sido utilizado e afirmou que vai procurar o seu advogado para poder se posicionar e tomar as devidas providências. Também o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o partido vai reunir mais informações para abrir uma investigação a respeito.

O diretório nacional do PMDB, por sua vez, divulgou ao jornal que também está investigando o caso. A suspeita é de que o espaço virtual relacionado ao ex-presidente esteja ligado a grupos que estão se organizando para as manifestações contra o governo. Para o advogado Maurício Bezerra, o fato de o registro ter sido feito com o número do CPF de uma pessoa falecida consiste em crime de falsidade ideológica, que prevê pena de um a cinco anos de prisão.

‘Movimento democrático’

A página – que não tem indicação sobre os autores do conteúdo lá divulgado – não informa nenhum tipo de contato e faz apenas referência ao movimento “Michel Temer Presidente”, definido como “um movimento democrático, horizontal e suprapartidário, conectando o desejo de mudança das ruas com a estrutura institucional da República”.

O site apresenta 15 motivos para que o vice assuma a titularidade do comando do país (15 é o número do PMDB, partido de Michel Temer). Defende o “Fora Dilma” e afirma que Temer “é o mais preparado para manter as conquistas dos governos FHC e Lula”.

Diz, também, que “Temer mostra respeito pela Constituição Federal e pulso firme, para conduzir os cortes na máquina pública que poderiam voltar a inspirar no brasileiro a sensação de que nossos governantes estão fazendo o melhor contra a crise”. E pede aos internautas que usem a hashtag #micheltemerpresidente. Não há identificação ou menção sobre os autores do site.

Com informações da Folha de Pernambuco


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