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Com Edinho Silva na Secom, governo espera mais diálogo com a sociedade

Presidenta diz que novo ministro possui boa capacidade de interlocução com setores da política e com movimentos sociais, qualidades fundamentais para a missão que ele terá pela frente

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma: “Missão de Edinho será árdua, neste momento maior necessidade do Executivo se comunicar com a população”

Brasília – O esforço a ser feito para que o governo tenha mais diálogo com a população e a necessidade de o Executivo se comunicar de forma mais eficiente com os brasileiros, sobretudo neste período de ajuste fiscal e de constantes embates políticos com o Congresso Nacional, foi o destaque do discurso da presidenta Dilma Rousseff, hoje (31), ao dar posse ao ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Edinho Silva. Ela ressaltou suas qualidades como articulador e ‘homem de diálogo’, características que apontou como fundamentais para a missão que Edinho terá pela frente.

Sociólogo, ex-prefeito de Araraquara, ex-deputado e nome histórico do PT, Silva é considerado um homem de boas relações com a sociedade, partidos políticos e movimentos populares, conforme destacaram várias pessoas próximas a ele, durante a solenidade, realizada no Palácio do Planalto. Ele foi lembrado, também, como alguém que entende os anseios dos movimentos sociais – embora a maior parte da imprensa tenha preferido mencionar, nos últimos dias, como principal ponto da sua indicação, o fato de ter sido tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff no ano passado.

Ao empossá-lo na Secom em um momento tido como delicado para seu governo, a presidenta destacou a disposição do Executivo de dar total liberdade às manifestações populares contra o governo – realizadas no último dia 15 e previstas para se repetir no próximo dia 12 – e o cuidado para divulgar, sempre, as informações do Executivo e fazer com que cheguem a todos os brasileiros. “Capacidade de relacionamento cordial e construtivo com todos os setores da sociedade e mídia e reconhecimento do papel da imprensa são atributos de Edinho”, assegurou.

Liberdade de expressão

“Este governo tem como um dos seus pilares o respeito à liberdade de expressão e, por isso, jamais terá, sob qualquer hipótese, qualquer ação no sentido de coibir a livre manifestação das pessoas e a liberdade de imprensa”, disse Dilma, acrescentando que a missão do novo ministro será árdua, neste momento de ajustes na economia e de maior necessidade do Executivo se comunicar com a população.

Dilma afirmou que a Secom continuará adotando “o mais rigoroso cuidado na veiculação da publicidade oficial e na divulgação da informação pública”, quesitos fundamentais para qualquer governo, e que nessa divulgação devem ser defendidos os critérios estabelecidos e informado o contraditório de todas as ações. “A divulgação oficial deve mostrar sempre as posições em defesa do emprego e inclusão social. Temos obrigação de explicar ao povo que passamos por uma conjuntura que exige ajustes para que o Brasil possa crescer”, ressaltou a presidenta.

A presidenta evitou tocar em dois pontos que têm sido amplamente especulados na nova gestão da Secom: a publicidade oficial nos veículos de comunicação – já que há um entendimento defendido por muita gente no sentido de a verba passar a ser distribuída de forma diferente – e o projeto de democratização da mídia (solicitado e cobrado pelos movimentos sociais, mas que ainda não teve seguimento desde o início desta nova gestão de Dilma).

A presidenta agradeceu o trabalho realizado pelo ministro que deixou o cargo, Thomas Traumann, e enfatizou que ele emprestou à Secom o prestígio de jornalista respeitado. “Passamos juntos por momentos complexos, mas também conseguimos juntos muitas vitórias”, acentuou.

‘Mídia progressista’

A expectativa em torno do trabalho de Edinho é de conduzir uma maior interlocução com blogs e sites da chamada “imprensa progressista”, além de aprimorar a comunicação com os veículos da mídia tradicional.

Traumann pediu demissão do cargo após o vazamento de um documento oficial da Secom, elaborado para ser distribuído de forma reservada a alguns ministros, no qual a secretaria afirma que a Comunicação não pode ser “o mordomo da crise existente hoje no governo” (numa referência aos filmes clássicos de ação, em que o culpado é sempre o mordomo).

O documento ainda ressaltou que o país vive um “caos político”, o que irritou tanto o Palácio do Planalto como integrantes do chamado conselho político – e levou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a se pronunciar a respeito, dias depois, dizendo que as afirmações foram infelizes e não expressam a real situação do Executivo. Depois da saída de Traumann, uma das discussões sobre o seu substituto era se seria indicado para o cargo um jornalista tarimbado, afiado com a política do governo, ou um político com boa capacidade de articulação. A presidenta terminou decidindo por alguém com perfil político.

Além de Edinho Silva, toma posse na próxima semana Renato Janine Ribeiro, no Ministério da Educação, em substituição a Cid Gomes, que pediu demissão no início do mês, após confronto com parlamentares na Câmara dos Deputados. Também se aguarda a indicação do ex-deputado e ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB) para o Ministério do Turismo, mas o nome ainda não foi anunciado.