Fome

Governo acena com maior participação do PMDB nas discussões de políticas públicas

Em jantar com parlamentares do partido e o vice-presidente, Dilma afirma que eles serão ouvidos sobre decisões. Tentativa de aproximação, porém, não escondeu saia-justa causada por ausência de Renan

Pedro Ladeira/Folhapress

Representantes da cúpula do PMDB chegam ao Alvorada para encontro com Dilma: mais poder no Executivo

Brasília – Em mais uma tentativa de aproximar a bancada do PMDB no Congresso ao governo federal e evitar novas dissensões entre os integrantes da base aliada, Dilma e representantes da cúpula do partido encontraram-se para um jantar na noite de ontem (2) –  a presidenta acenou que, daqui em diante, as discussões sobre políticas públicas passarão a incluir a legenda.

O vice-presidente Michel Temer fará parte do grupo de ministros que costuma se reunir com Dilma  – do qual fazem parte Miguel Rossetto (secretário-geral da Presidência), Jaques Wagner (Defesa), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Pepe Vargas (Relações Institucionais), além de Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Carlos Gabas (Previdência).

Peemedebistas queixam-se há tempos de serem deixados de fora das decisões tomadas pelo Planalto. O vice-presidente da República, Michel Temer, ressaltou que o encontro teve a iniciativa de fazer a coalizão caminhar melhor, e considerou positiva a aproximação.

‘Consulta maior’

De acordo com Temer, eventos que aproximem o Executivo aos partidos passarão a ser feitos também com as demais legendas que compõem a chamada base aliada. “Haverá uma consulta maior, uma audiência maior e, portanto, uma participação maior dos parlamentares da base aliada nesse contato com o governo”, disse.

Temer acentuou que essas reuniões da presidenta com parlamentares das várias legendas serão realizadas a cada semana e vão permitir aos parlamentares a discussão de vários temas: os que estão em discussão no Congresso Nacional e questões que correspondam a ações do Executivo ainda em elaboração – para o encaminhamento de propostas ao Legislativo.

Ceticismo

“Isso é tudo o que os deputados e senadores queriam e reclamam há anos, mas que nunca aconteceu. Se for concretizado vai ser muito bom, mas ainda me mantenho cético”, ressaltou um dos peemedebistas.

“Foi uma resposta direta às reclamações, mas antes precisamos ver se será mesmo colocada em prática. Já ouvimos muito isso desde o início do primeiro governo dela (Dilma Rousseff)”, afirmou um senador.

O jantar foi marcado também pela ausência do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Ele publicou nota oficial dizendo que tinha decidido se abster do encontro entre seu partido e representantes do governo, alegando que “o Presidente do Congresso Nacional deve colocar a instituição acima da condição partidária”.

A ausência deixou o clima tenso desde o início da tarde de ontem e o jantar quase foi cancelado, depois que o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), disse a correligionários que também pretendia se ausentar. Oliveira criticou textualmente a presidenta em recente encontro com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada, mas foi convencido a mudar de ideia por um telefonema de Temer, que lhe disse que faltar ao jantar de ontem poderia fazer a tentativa de retomada da coalizão ser “um desastre”.

Ao fim do encontro, Temer procurou minimizar a ausência de Renan, ao acrescentar que apesar do senador não ter podido participar, deixou claro que apoia totalmente a coalizão entre governo e PMDB.