Lava Jato

Parlamentares miram CPI e conselho de ética em caso de colegas citados no STF

Dois dias depois da divulgação da lista dos políticos investigados por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, deputados e senadores aguardam reuniões para discutir situação do Congresso

Brasília – Dois dias depois da divulgação da lista de 34 parlamentares que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por denúncias de envolvimento no esquema da Petrobras, o Congresso direcionou as atenções para as próximas sessões da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trata do tema no legislativo, a CPI da Petrobras, e a instalação do conselho de ética. Amanhã (10), está previsto o depoimento do ex-gerente da companhia Pedro Barusco na CPI. Os integrantes da comissão devem discutir, também, a possibilidade dos 34 investigados serem ouvidos na comissão, além de avaliar se três dos componentes do grupo continuarão participando dos trabalhos.

Os integrantes considerados “sob suspeita” são os deputados Lázaro Botelho (PT-TO), Sandes Júnior (PP-GO) e Cacá Leão (PP-BA). Botelho e Sandes Júnior foram citados na lista. E Cacá Leão é filho do vice-governador da Bahia e ex-deputado João Leão, que também está na relação divulgada pelo STF.

Já em relação às convocações, a iniciativa partiu da deputada Eliziane Gama (PPS-MA), que pediu, esta manhã, a ida à comissão de todos os parlamentares citados pelo STF. A deputada protocolou requerimento com a solicitação e fez referência tanto aos 34 parlamentares como às outras 13 pessoas que estão sendo alvo de inquéritos pelo tribunal, relacionados ao caso – o que deve ser apreciado ainda esta semana.

Muitos parlamentares deixaram claro aguardar com expectativa, também, a formalização, na quarta-feira (11), do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O conselho elegerá presidente e dois vice-presidentes para um mandato de dois anos. É formado por 21 titulares e igual número de suplentes e tem a responsabilidade institucional de julgar processos disciplinares contra deputados por quebra de decoro parlamentar.

‘Posições de mando’

A divulgação da lista da Lava Jato também está sendo avaliada de forma separada pelos partidos Psol e PPS que se adiantaram na discussão dos nomes revelados pela lista com suas bancadas. O Psol divulgou uma nota oficial durante o final de semana dizendo que vai defender o afastamento das funções dos investigados que ocupem “posições de mando”, na Câmara e no Senado.

A legenda destacou, ainda, que repudia a chamada “naturalização” dos inquéritos como se fosse uma “normalidade da vida pública brasileira”. O PPS, por sua vez, ressaltou, por meio dos seus dirigentes, que vai convocar uma reunião dos seus parlamentares esta semana para avaliar que posição concreta tomará a respeito.

A tarde de hoje foi de pronunciamentos de deputados e senadores sobre as investigações. O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), repetiu os argumentos já apresentados assim que foi divulgada a lista e afirmou que está indignado com a inclusão do seu nome.

Os presidentes da Câmara e do Senado, respectivamente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), repetiram que não têm nada a temer e vão fornecer todos os esclarecimentos necessários. E vários deputados e senadores se manifestaram em discursos pedindo para que as investigações, bem como a condução do caso pelo Congresso Nacional, sejam feitas com celeridade, como a senadora Ana Amélia (PP-RS).

Os pronunciamentos, no entanto, não impediram o Congresso de passar por “saias-justas”. Na abertura dos trabalhos do Senado, no início da tarde, um homem gritou das galerias para Renan Calheiros chamando-o de “ladrão” e pedindo sua cassação. Como estava embriagado, foi retirado rapidamente do local pela polícia legislativa.

É nesse ritmo que os parlamentares retomam seus trabalhos após a divulgação dos referidos documentos pelo STF.