democracia

Dilma: ‘Pode se manifestar, deve se manifestar, faz parte do crescimento do país’

Presidenta disse, em inauguração de obras no terminal portuário do Rio de Janeiro, que as pessoas podem criticar quem quer que seja, mas que não se apele à violência

roberto stuckert filho/pr

Dilma: “Investimentos comprovam que ajustes fiscais não interferirão em mudanças estruturais”

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (12) que manifestações são parte da democracia e devem ser recebidas com “absoluta tranquilidade” em referência aos protestos marcados para domingo (15), contra o governo. Amanhã atos em todo o país serão realizados em defesa da Petrobras e pela reforma política. Ela participou na manhã de hoje da inauguração de obras no terminal portuário no Rio de Janeiro, em parceria com a iniciativa privada.

“Manifestação, no Brasil, a gente tem que olhar com absoluta tranquilidade. Todas as pessoas têm direito de se manifestar e criticar quem quer que seja”, disse, condenando eventuais atos violentos em protestos. “Só uma coisa nenhum de nós pode aceitar, é que isso se transforme em violência contra pessoas ou contra o patrimônio público ou privado.

Dilma lembrou que a violência em manifestações deixou vítimas como o cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade, morto por rojão disparado em meio a protesto no centro do Rio em 2013. “Foi um momento muito triste em um ciclo de manifestações importantes e pacíficas até determinado momento.”

“Pode se manifestar, deve se manifestar, faz parte do crescimento do país, do aprimoramento da cidadania. Agora, sem violência”, frisou.

Na noite de ontem, na página de Dilma no Facebook, foi postada mensagem no mesmo teor: “Sou de uma época em que não era possível se manifestar, não. As pessoas que se manifestavam iam diretamente para a cadeia ou eram chamadas de subversivas, ou de nomes piores. Eu passei a minha vida manifestando nas ruas, principalmente na minha juventude. Eu acredito que uma das maiores conquistas do nosso país foi a democracia. Assim sendo, não tenho o menor interesse, o menor intuito, nem tampouco o menor compromisso com qualquer processo de restrição à livre manifestação neste país”.

Logística

Na  entrega das obras de expansão e modernização de três terminais do Porto do Futuro, no Bairro do Caju, Dilma falou sobre o esforço do governo para transformar a infraestrutura logística no país. Segundo a presidenta, em parceria com o setor privado, o país está removendo gargalos criados por décadas de investimento insuficiente. O Porto do Futuro é o maior cais contínuo da América Latina, com 1,7 quilômetro de extensão.

Na quarta-feira (18), segundo Dilma, será aberto o processo de concessão da ponte Rio-Niterói. Está prevista a construção da Avenida Portuária.

A presidenta lembrou ainda os investimentos no setor portuário em todo o Brasil. Segundo ela, com recursos públicos foram feitas obras de dragagens nos portos de Imbituba e Itajaí, em Santa Catarina, além de investimentos em obras de acesso marítimo e terrestre em Santos, por exemplo.

O Porto do Futuro terá capacidade de movimentar 2 milhões de TEUs (quantidade equivalente a um contêiner de 20 metros) e 326 mil veículos por ano. Trata-se de um investimento de R$ 1 bilhão na expansão e modernização desses três terminais, feitos pelas empresas Libra e Multiterminais. O investimento impacta positivamente as cadeias produtivas farmacêutica, automotiva, química e de óleo e gás.

Segundo a presidenta, esses investimentos comprovam que a atual conjuntura, de ajuste fiscal, não interferirá em mudanças estruturais que ocorrem. “Ao contrário, vamos conciliar os ajustes de curto prazo com a continuidade dos investimentos, cujo horizonte é sempre mais longo e decisivo para o desenvolvimento do país”, disse. Dilma ponderou que os ajustes visam a fortalecer ainda mais os fundamentos macroeconômicos e aprimorar as bases para o crescimento sustentável.

Novo ciclo

Dilma disse que o governo estuda a implementação de um novo projeto de concessões de rodovias, hidrovias e aeroportos à iniciativa privada no país, cujo modelo ainda não foi definido, mas que as negociações estão avançadas para modelagem de terminais aéreos.

“Estamos agora estudando várias alternativas. Algumas já têm um nível maior de definição, mas ainda estão em discussão.” Porto Alegre, Salvador e Florianópolis são os aeroportos em estudo, mas há outros, completou a presidenta. “Não são só esses não.”

Dilma ressaltou que existe expectativa de que a participação da Infraero seja menor nas novas concessões do que nas seis anteriores feitas pelo governo em Minas Gerais, Brasília, no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Campinas e no terminal São Gonçalo do Amarante, em Natal.

Ela destacou ainda a necessidade de implementação de mais hidrovias para reduzir custos de exportação. “O Brasil precisa usar todos os seus chamados caminhos hidroviários, principalmente acima do Paralelo 16 (onde se localizam as novas fronteiras agrícolas do país). Tudo o que for melhorado em hidrovia resulta em ganhos para os exportadores de grãos e minérios.”

Na saída do evento, a presidenta confirmou ainda que adotará novas medidas de ajuste. Entre elas, a que prevê tributação escalonada de empresas que deixaram o Supersimples. “O empreendedor, em sua maioria, a empreendedora, está ali se esforçando para crescer. Sai do Supersimples e cai no lucro presumido, aí, tem um impacto imenso. Pensamos em construir uma rampa pela qual ele ou ela possa crescer e incorporar o crescimento sem perder muito.” Nas contas do governo, a maioria dos empregos no país é criada por micros e pequenas empresas.

Com informações da Agência Brasil e do Blog do Planalto