Movimento sindical

Ato no Senado lança congresso da CUT e critica política econômica

Central, que está completando 32 anos, fará 12º congresso nacional em outubro, em São Paulo. Presidente cobrou atendimento da agenda trabalhista

Roberto Parizotti

Rossetto: “Capacidade de liderança da CUT e das outras centrais permitiu derrotar a direita e dar vitória à Dilma”

Brasília – Com a presença de sindicalistas de vários locais do país, representantes de outras centrais, parlamentares e ministros, a CUT lançou ontem (4) à noite, no Senado, o seu 12º congresso nacional (Concut), que se realizará em outubro, em São Paulo. O lançamento ocorreu logo após um seminário, realizado ao longo do dia, que debateu a política econômica atual e a necessidade de uma reforma política para o país.

O evento foi marcado pelo destaque ao fortalecimento do movimento sindical e a importância do trabalho da central, ao longo de 32 anos de existência. Mas também foi norteado por mensagens ao Executivo quanto à necessidade da central de lutar para evitar um retrocesso nos direitos trabalhistas do país, ao mesmo tempo em deseja colaborar com o governo.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, foi quem mais deixou isso claro em sua fala. “Não fomos eleitos para falar do passado. Fomos eleitos para continuar conquistando e representando os trabalhadores. Não foi à toa que a CUT tirou em resolução apoiar a Dilma e eu não estou arrependido, porque o Brasil estaria arrebentado se o PSDB tivesse ganhado as eleições. Mas estou muito preocupado com esse início de governo e temos nos posicionado oficialmente quanto à condução da linha econômica que temos visto”, afirmou.

Defesa intransigente

O dirigente destacou ainda que a central fará a defesa intransigente da classe trabalhadora e está ciente de que hoje isso significa, também, impedir o retrocesso e saber separar as críticas das manifestações golpistas que têm sido observadas pela oposição. “Uma coisa é discutir os rumos do governo, outra coisa é querer interromper, de maneira golpista, um governo democraticamente eleito pela maioria da sociedade brasileira”, acrescentou.

Freitas cobrou uma agenda positiva para os trabalhadores, com a discussão sobre o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e a taxação de grandes fortunas.

Entre os ministros presentes, tanto Miguel Rossetto (Secretaria-geral da Presidência) como Manoel Dias (Trabalho e Emprego) destacaram a atuação da CUT ao longo dos anos na consolidação e fortalecimento da democracia.

Dias disse que a manutenção dessa bandeira é uma necessidade para a central, porque quem mais precisa dela são os trabalhadores. “É com a democracia que o trabalhador luta por seus direitos, propõe e reivindica. O melhor local para empreender a luta é a rua, e só na democracia é possível usá-la como campo de batalha”, acentuou.

JáRosseto afirmou que o Brasil é um país melhor para a classe trabalhadora hoje, por conta da luta pelo povo em defesa da democracia, da República e pelos seus direitos. E essa batalha foi que levou à consciência política capaz de defender conquistas e compreender claramente a qualidade da disputa política enfrentada no final do ano passado. “Foi a capacidade de liderança da CUT e das outras centrais que permitiu derrotar a direita conservadora e dar a vitória à companheira Dilma”, frisou.

Ex-presidente da CUT e atual da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício lembrou o respeito conquistado pela entidade ao longo dos seus 30 anos de luta em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas. E o secretário-geral da Confederação Sindical das Américas (CSA),Victor Báez, avaliou que as políticas de austeridade impostas nas Américas pela direita, muitas vezes de maneira golpista, junto com multinacionais e os grandes meios de comunicação, são semelhantes à atual movimentação da direita brasileira.

Atos do dia 13

O evento também fez menção aos atos a serem realizados no próximo dia 13. De acordo com Vagner Freitas, é “a velha mídia que têm estabelecido uma comparação entre os atos do dia 13 e outras convocações pelas redes sociais para manifestações em defesa do impeachment da presidenta Dilma”.

“Os atos do dia 13 tem nome e endereço. É a CUT, a UNE, o MST, as centrais parceiras, os movimentos sociais quem estão convocando. Publicamos um manifesto para dizer quais as linhas da nossa luta. Os outros eu não sei quem convoca”, ressaltou. Freitas colocou que não se trata de defender governo ‘a’,’b’ ou ‘c’ e sim de afirmar o posicionamento da CUT na conjuntura.