Delação premiada

‘Em qualquer circunstância cidadão tem direito de defesa’, diz Caiado sobre Agripino Maia

Presidente nacional do DEM, senador do Rio Grande do Norte teria pedido R$ 1 milhão a esquema que prestava serviços ao Detran do estado, segundo delator

Agência Senado/Banco de Dados

“Não faço pré-julgamento”, afirma parlamentar sobre presidente nacional de seu partido

São Paulo – O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado, quer que seu correligionário e colega de casa José Agripino Maia (RN), presidente nacional do partido, tenha direito de defesa. Ele garante advogar a mesma coisa para petistas. “Em qualquer circunstância o cidadão tem o direito de se defender”, disse Caiado à RBA

Em delação premiada, o empresário George Olímpio afirmou que pagou propinas a políticos para facilitar a tramitação de uma lei que criava uma inspeção veicular que o beneficiaria no Rio Grande do Norte. Agripino Maia teria pedido R$ 1 milhão. Entre 2008 e 2011, Olímpio montou um esquema para fornecer serviços ao Detran do estado.

Embora as denúncias tenham sido veiculadas pelo “Fantástico” no último domingo como inéditas, a revista CartaCapital havia revelado a atuação do esquema  em 2012, com o depoimento do lobista Alcides Fernandes Barbosa citando o senador.

“Não faço pré-julgamento”, diz Caiado. “Eu tive o mesmo comportamento com o senador José Agripino que tive com Humberto Costa e com a Gleisi Hoffmann, dando a todos eles o direito de apresentarem suas defesas, até porque eu sou da tese de que nós já superamos o julgamento inquisitivo.”

O senador se refere a denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, no final de 2014, contra os senadores do PT que, segundo o delator, teriam participado de esquema de corrupção na Petrobras. Na época, a deputada estadual em Pernambuco Teresa Leitão (PT) divulgou uma nota na qual afirmou que Humberto Costa foi citado em um “contexto sem qualquer comprovação”.

Questionado sobre punição do partido a Agripino Maia, Caiado declara que a situação do senador é a mesma dos petistas. “Quando citaram a Gleisi Hoffmann e o Humberto Costa você não me viu ir para a tribuna pedir a cassação deles. Dei a eles o direito de defesa. Eles não podem ser tratados diferentemente do caso Zé Agripino”, compara. “O que nós estamos dizendo claramente é uma coisa só. A Gleise Hoffmann já foi cassada pelo PT? O Humerto Costa já foi cassado?”

Porém, se não cobrou punição dos petistas na tribuna do Senado, Caiado usa termos virulentos nas redes sociais. “Em vez de ir para reuniões de incitações ao ódio, Lula deveria ir à CPI da Petrobras explicar os assaltos cometidos por ele e seu governo”, escreveu, por exemplo, ontem (25).

O senador goiano diz ainda que “sendo comprovado (o que se denuncia contra o presidente de seu partido)”, poderiam ser tomadas eventuais “medidas necessárias”, mas não disse quais. “As medidas que o partido decidir.”

O senador José Agripino estava bastante à vontade antes de as denúncias contra ele ressurgirem. No dia 5 deste mês, ele afirmou que o caso da Petrobras  “estarrece o mundo inteiro”.

Ele é o mesmo senador que, em 2008, durante depoimento da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff à Comissão de Infra-Estrutura do Senado, dirigiu-se à futura presidenta nestes termos: “A senhora mentiu na ditadura, mentirá aqui?” E ouviu como resposta: “Me orgulho imensamente de ter mentido, porque salvei companheiros da tortura e da morte”.

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