Posse de Dilma

Movimentação na Esplanada dos Ministérios é intensa desde a manhã

Grupos que chegam são obrigados pelas forças de segurança a passar por detectores de metais e a retirar os paus das bandeiras. Clima é de expectativa, descontração e pedidos por reforma política

Marcelo Sayão/efe

Multidão aguarda o início da cerimônia de posse da presidenta Dilma

Brasília – Desde as 10h desta quinta-feira (1) é intensa a movimentação de pessoas pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e a área entre o anexo dos ministérios – único trecho por onde os veículos podem estacionar, por conta dos cones e barreiras de segurança montados para a posse da presidenta Dilma Rousseff, logo mais. O cenário é de manifestantes, militantes políticos, estudantes e cidadãos, das mais diversas profissões e faixas etárias, num grande ato ao ar livre.

Muita gente levou sombrinhas, para se proteger do sol intenso da manhã – apesar da previsão meteorológica de que cairá chuva durante a cerimônia, o dia foi de estio – cartazes e faixas. Alguns dos destaques são pedidos diversos feitos por meio de camisetas e faixas: por reforma política, mais assentamentos agrários e o fim da corrupção no país. Também tem sido grande o número de pessoas que entram na área carregando bandeiras dos seus estados amarradas nas costas.

Muitas apresentações espontâneas estão acontecendo, por grupos de maracatu, samba e axé, levados pelas caravanas, que aproveitam as horas que antecedem a posse para divertir os presentes.

A observação de faixas e bandeiras no corpo das pessoas se dá, em grande parte, porque o esquema de segurança montado para a cerimônia proibiu a entrada de bandeiras e outras formas de divulgação que contenham mastros e objetos pesados, que possam ser usados como algum tipo de arma em algum conflito com outros manifestantes.

Esse procedimento tem contribuído para a formação de filas durante a entrada das pessoas à Praça dos Três Poderes, considerada a área mais privilegiada para quem quer assistir em todos os detalhes a solenidade, mas não tirou a empolgação de quem está no local.

Sem ‘postes’

“Não nos incomodamos. Demoramos muito para chegar até aqui e sabemos que isso é importante, para garantir a segurança e a tranquilidade da festa”, afirmou a dentista Antonia Cordeiro, de Porto Alegre (RS), que chegou a Brasília na última terça-feira (30), num ônibus com 45 pessoas.

A poucos passos de onde se encontra Antonia, os servidores públicos Fernando Veras e Gustavo Veras, pai e filho, portando faixas e bandeiras sem mastros se posicionavam de forma estratégica para ver a passagem da presidenta. Gustavo contou que vieram de avião de Fortaleza (CE) até Brasília para o evento.

“Eu tive que sair do sertão para estudar e isso não aconteceu com meus filhos por causa de Lula e do programa de governo do PT, que interiorizou a educação no país. Foi por causa dessas conquistas, que tiveram continuidade com a presidenta Dilma que quis vir até aqui”, afirmou Francisco Veras.

Francisco ressaltou que, em sua opinião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre será uma referência para a presidenta, “mas eu a admiro porque ela mostrou que não é um poste, como se falava em 2010, no início da campanha”, colocou.

“Estamos aqui para mostrar à presidenta que ela pode contar com nosso apoio e que os movimentos sociais vão ajudá-la trabalhando pela conscientização do país por temas fundamentais como a reforma política e a democratização da mídia”, disse a farmacêutica Maristela Andrade, representante da União Nacional dos Estudantes (UNE).

A cadeirante Valéria Mendonça foi outra presença a chamar a atenção. Ela foi de ônibus de Itajaí (SC) até Brasília para ver a passagem da presidenta. “Votei nela, acho que o seu segundo mandato será melhor que o primeiro e, com certeza, digo que valeu a pena a viagem”, declarou, ao ser procurada por vários jornalistas, com pedidos para posar para fotos.

Manifestações pacíficas

É explícita a preocupação com a realização de manifestações de protesto contra a posse de Dilma Rousseff ou tumultos violentos durante o trajeto da presidenta, motivo pelo qual foi aumentado, nas últimas 24 horas, o contingente de homens envolvidos no esquema de segurança. Também foram colocados detectores de metais na área de entrada da Praça dos Três Poderes e proibida, por toda a Esplanada, a entrada de bandeiras – apenas faixas e os tecidos das bandeiras são permitidos.

Além do trecho da Esplanada, tem sido constante, ainda, o percurso feito por batedores seguindo os veículos das quase 70 delegações estrangeiras que não param de chegar à capital. No total, estão a postos 220 batedores da Polícia do Exército, seguidos do alto por helicópteros e acompanhamento do Comando de Operações Especiais das Forças Armadas, que possuem inclusive agentes especializados em ações antiterrorismo.

Está programado para esta tarde, pouco antes da posse, um ato público pela reforma política, a ser realizado num toldo montado próximo aos primeiros ministérios da Esplanada.

O evento está sendo organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transsexuais (LGBT), Marcha Mundial de Mulheres, Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e representantes de partidos como o PT, PSOL, PCdoB e PSB.

A expectativa é de que, pouco depois da realização deste ato, os militantes se reúnam ao restante dos grupos que já estão instalados na Esplanada, uma vez que, por volta das 14h30 está sendo esperada a chegada de Dilma Rousseff à Catedral Metropolitana – quando será iniciado o percurso oficial da solenidade, de lá até o Congresso Nacional, e depois do Congresso até o Palácio do Planalto. A cada momento aumenta o fluxo de pessoas.

Leia também

Últimas notícias