Polêmica

Rossetto: ‘Planalto está tranquilo quanto ao apoio do PT a Dilma’

Ministro procurou desfazer clima de desconforto provocado por críticas da senadora Marta Suplicy à presidenta e a dirigentes da legenda; segundo ele, ‘assunto está superado’

wilson dias/abr

“PT vive momento de atualização e de avaliação e tem aprendido muito com seus erros e acertos”, disse o ministro

Brasília – Apesar de o PT não ter se posicionado oficialmente sobre as críticas feitas à legenda e a alguns dos seus dirigentes pela ex-ministra e senadora Marta Suplicy (PT-SP), em entrevista a O Estado de S. Paulo, publicada no último domingo (11), a primeira manifestação do governo partiu do secretário-geral da Presidência da República, ministro Miguel Rossetto, em conversa com jornalistas na manhã de hoje (13). Ele teve a tarefa de amenizar o clima de desconforto causado pelas afirmações da senadora e de passar a mensagem de que o Palácio do Planalto está tranquilo tanto em relação ao apoio da legenda à presidenta Dilma Rousseff como à gestão do novo ministro da Cultura, Juca Ferreira.

Na entrevista de Marta, além de criticar o ‘modo autoritário’ de governar da presidenta, a senadora afirmou que o ex-presidente Lula tinha a intenção de ser o candidato em 2014, mas como não recebeu aceno nesse sentido de Dilma, preferiu não se manifestar. Numa forma velada de abordar a questão, o ministro disse que a presidenta “conta com 150% do apoio do PT” e salientou que a polêmica provocada pela senadora “está superada”. Afirmou que o partido vive um momento de atualização e de avaliação e que tem aprendido muito com seus erros e acertos.

Rossetto destacou, ao mencionar o apoio da legenda a Dilma, que apesar de reconhecer derrotas importantes sofridas nas eleições de 2014 pelos petistas, como a perda dos governos de São Paulo e do Rio Grande do Sul, faz parte da agenda partidária olhar para o futuro: “Independente disso, o partido é vitorioso porque elegeu a presidenta da República, inúmeros governadores, a maior bancada da Câmara e a segunda maior do Senado”.

‘Parte do passado’

Ao se referir ao governo, o ministro disse que a senadora “faz parte do passado”, porque já saiu “há um bom tempo” – faz dois meses que Marta entregou o cargo. E acrescentou que todos no Executivo estão animados com a capacidade de trabalho e eficiência de Juca Ferreira, o novo titular do Ministério da Cultura, empossado ontem. “Sem falar que a área cultural prestigiou sua posse e que há uma expectativa positiva sobre o seu trabalho por todo o setor”, frisou.

O ministro falou da acusação feita pela senadora de que existiria um atrito entre Lula e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que, segundo Marta, estaria trabalhando para ser o próximo candidato à presidência em 2018. “É muito cedo para falarmos em política presidencial. O governo está apenas começando, não acham? O que posso dizer é que o PT está apoiando o mandato da Dilma.”

Rossetto comentou também a troca de declarações entre a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, na última semana, e o fato de a posição de Kátia ter desagradado, de imediato, várias entidades sociais. A ministra declarou que “não existem mais latifúndios no Brasil” e atacou os indígenas, acrescentando que “os índios saíram da floresta e passaram a descer nas áreas de produção”.

A ministra foi respondida de imediato pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e por Patrus Ananias. O Cimi, ligado à Comissão Pastoral da Terra, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou uma nota destacando que “não é digno de quem foi chamada a ser ministra de Estado do Brasil propagar a ideia caricata de que os povos indígenas estariam reivindicando ‘o Brasil inteiro’”.

Patrus Ananias, por sua vez, ressaltou que o tema função social da terra desperta polêmica e enfrenta resistências. “Ignorar ou negar a permanência da desigualdade e da injustiça é uma forma de perpetuá-las. Por isso, não basta derrubar as cercas do latifúndio. É preciso derrubar também as cercas que nos limitam a uma visão individualista e excludente do processo social”, pregou.

Sem antagonismos

Para Rossetto,não existem antagonismos entre os papeis e currículos da nova ministra da Agricultura e o ministro do Desenvolvimento Agrário. “Nem a Kátia manifestou posição contrária à função social da propriedade nem o ministro Patrus manifestou posição contrária ao direito de propriedade”, acentuou, completando: “A presidenta Dilma já manifestou que a reforma agrária faz parte do seu programa de governo”.

Ele disse que será dada continuidade ao trabalho de construção de uma agenda permanente de diálogo com a sociedade, para atendimento às propostas e reformas pretendidas pelo governo. E que dentro dessa agenda está incluído maior contato com as entidades e movimentos sociais e com as centrais sindicais. “É papel da Secretaria-Geral esclarecer e escutar as lideranças do movimento sindical.”

Outro item que faz parte dessa agenda e que voltará a ser debatido pelo Executivo até março é a reforma política. “Vamos cumprir nossa responsabilidade política em relação à reforma. A presidenta prometeu trabalhar para estimular o debate, embora saibamos que caberá ao Congresso Nacional dar a última palavra em relação ao tema”, enfatizou.

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