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Em SP, Kassab afirma que obras prioritárias não serão afetadas por corte de gastos federais

Novo ministro das Cidades iniciou com Haddad ciclo de visitas a todos os governadores e prefeitos de capitais. Espírito Santo, Rio de Janeiro e Paraná são os próximos

Fernando Pereira/SECOM

Ministro e prefeito buscaram demonstrar simpatia e evitaram polemizar sobre o passado de enfrentamentos

São Paulo – Em visita ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), o novo ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), afirmou hoje (7) que o corte de gastos que a presidenta Dilma Rousseff pretende neste ano não devem afetar as obras prioritárias do Programa de Aceleração do Crescimento e outras ações do ministério. “Eu posso afirmar, porque ouvi dela isso, que as prioridades terão da parte de seu governo um esforço muito grande para que não sejam afetadas”, disse Kassab, antecessor de Haddad.

Segundo o ministro, as ações da pasta, como saneamento, transporte público e habitação, são obras de cunho social e assim como saúde e educação, ficam “no fim da fila” da contenção de gastos. Ele apontou, no entanto, que “todos sabem” a situação difícil enfrentada pela área econômica.

“O desafio é sempre de ter eficiência com o recurso público, para que ele possa ser maximizado. E torcer e contribuir para que, se houver cortes, eles afetem pouco as ações do ministério”, explicou.

O encontro de hoje não trouxe novidades em obras ou investimentos. Segundo Kassab, o objetivo da visita, que vai ser realizada em outros estados e capitais, é ver o que está sendo realizado pelos governos estaduais e capitais e apresentar os novos membros da equipe executiva do ministério. Além disso, nenhuma nova orientação sobre a atuação do ministério foi definida ainda.

“A própria presidenta recomendou que São Paulo fosse um dos primeiros estados a serem visitados, porque o governador (Geraldo Alckmin) foi reeleito, tem uma série de coisas que já estão acontecendo. E o prefeito Haddad tem muitas ações importantes em parceria com o governo federal”, explicou Kassab.

Na sexta-feira (9) ele visita o novo governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), e o prefeito da capital, Vitória, Luciano Rezende (PPS). Na próxima semana, será a vez do Rio de Janeiro e do Paraná, e suas respectivas capitais.

A prefeitura da capital paulista tem diversas ações de seu plano de obras que dependem de investimento federal. Ações de reurbanização e proteção em áreas de mananciais, obras de drenagem, construção de 150 quilômetros de corredores – sendo que 90 já estão licitados e devem entrar em obras até o final de março, e 60 ainda aguardam a regularização da licitação pelo Tribunal de Contas do Município.

“Temos ainda as 55 mil unidades habitacionais, para as quais já temos terra suficiente, e o ministro Kassab reafirmou o compromisso de financiá-las”, comentou Haddad. Ao todo, o investimento federal chega a R$ 14 bilhões, oriundos do PAC e do programa Minha Casa Minha Vida. “Esperamos estar com tudo em obras até o final de junho”, completou.

Questionados sobre o mal-estar ocorrido em 2013 entre eles quando foi descoberta a máfia do ISS – que desviou cerca de R$ 500 milhões do Imposto Sobre Serviços do município, fraudando boletos para reduzir o imposto a ser pago e cobrando propina – prefeito e ministro desconversaram. À época, Haddad disse que a situação da prefeitura era de “descalabro”. Kassab posteriormente disse que descalabro era o primeiro ano da gestão Haddad.

“Nós nos reunimos uma semana depois daquilo e esclarecemos o episódio. Eu disse e repito que eu não fazia referência à gestão, mas sim ao que eu encontrei e que chocou ao prefeito Kassab e a mim”, disse Haddad hoje, logo complementado pelo ministro: “A indignação de ambos foi quanto ao acontecido”.

Perguntado se esperava uma mudança de postura do PSD na Câmara Municipal, que tem um comportamento imprevisível nas votações de projetos, ora apoiando o governo, ora se opondo, Haddad evitou polemizar. “O PSD tem tido uma postura independente, mas muito cooperativa. Tem aprovado projetos importantes para a cidade. Quando é preciso aprofundar a discussão sobre um projeto, para emendá-lo ou aperfeiçoá-lo, nós temos sempre contado com o apoio do partido.”