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Sabesp cogita rodízio ‘drástico’: cinco dias sem água por semana em São Paulo

Companhia também divulgou dias e horários em que a redução de pressão da água está sendo praticada nos bairros da capital paulista e da região metropolitana de São Paulo

Luis Moura/Folhapress

Reservatórios do Cantareira estão estáveis há dois dias, mas nível é de apenas 5,1%, na segunda cota do volume morto

São Paulo – Na companhia do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o diretor metropolitano da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), Paulo Massato, afirmou hoje (27) que, caso seja necessário o racionamento, este seria “drástico”, deixando a população dois dias com água e cinco dias com as torneiras secas. A Sabesp divulgou, também hoje, um site com os dias e horários em que a chamada redução de pressão da água é praticada nos bairros da capital paulista e da região metropolitana de São Paulo. Massato disse que a medida está sendo ampliada, o que vai levar mais gente a sentir os efeitos da falta de água nos próximos dias.

“Para fazer rodízio, teria que ser muito pesado, muito drástico. Para ganhar mais do que já economizamos hoje, seriam necessários dois dias com água e cinco dias sem água”, afirmou Massato, durante anúncio da ampliação da adutora Guaratuba, que atende ao Sistema Alto Tietê, em Suzano, na Grande São Paulo. A aplicação de rodízio depende de aprovação dos órgãos reguladores e será utilizado “se não chover”, disse o diretor.

Massato admitiu que a prática de reduzir a pressão da água será aplicada também durante o dia. A Sabesp admitia a medida, mas somente durante a noite, com a justificativa de evitar perdas de águas em virtude de fissuras nas tubulações da rede de distribuição. A companhia perde cerca de 25%, segundo o Instituto Trata Brasil, de toda a água tratada que deveria chegar nas casas de toda a população da região metropolitana e da capital.

Na prática, a redução equivale a um racionamento, ainda não oficializado pelo governador, pois a água que chega nas torneiras vai diminuindo com o passar das horas até não verter mais. Alguns locais chegam a ficar 18 horas sob a medida, como a Vila Sônia, na zona oeste, e a Vila Matilde, na zona leste. Nos demais, a redução é de, no mínimo, 12 horas. A única exceção é o Parque Anhanguera, na zona noroeste da cidade, que segundo a Sabesp, não sofre redução de pressão.

Segundo a companhia, 52% da economia de água obtida desde o início da crise foi obtida com essa medida. Outros 23% seriam derivados do bônus implementado no ano passado, com descontos de 30% na conta para quem reduzir 20% no consumo médio. Porém, as duas contas podem estar sobrepostas, já que quem fica sem água por longos períodos acaba, naturalmente, gastando menos.

Curiosamente, o site que a Sabesp criou para divulgar a informação tem como endereço calculadoradesonhos.sabesp.com.br. Desde que a crise foi assumida pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), a estatal ainda não apresentou um plano efetivo para enfrentá-la. Duas propostas foram rejeitadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) por não estabelecerem um nível aceitável de manutenção de água nas represas. A companhia continua esperando que as chuvas voltem a cair normalmente este ano – e se possível acima da média – para solucionar a crise.

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