Congresso

Izalci Lucas nega ter organizado manifestantes que tumultuaram sessão

Deputado tucano rebate senador que o acusou de ter organizado ida de militantes às galerias. Maioria das pessoas envolvidas integra movimento 'Vem pra Rua', que pede intervenção militar no país

psdb/reprodução

Izalci Lucas pediu questão de ordem para contestar o senador cearense e dizer que são caluniosas as informações

Brasília – O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), apontado como um dos coordenadores do movimento que levou manifestantes ao Congresso Nacional na última terça-feira (2) e resultou em uma sessão tumultuada, marcada por xingamentos e palavrões proferidos contra parlamentares, telefonou ontem (3) à noite para a reportagem da RBA, do plenário, para negar a acusação feita a ele pelo senador Eunício Oliveira (PMDB-CE).

Oliveira o criticou por ter comandado a entrada do grupo, que teria sido enviado ao Congresso por ele e demais deputados do DEM e do PSDB, e disse que alguns colegas chegaram a reconhecer pessoas com quem o deputado mantém contato. Tanto o senador Eunício Oliveira como o deputado Izalci Lucas já tinham sido ouvidos pela RBA sobre o assunto, em matéria veiculada momentos antes.

Mesmo assim, o deputado fez questão de reiterar que pediu uma questão de ordem ao presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), durante a votação do projeto que flexibiliza a meta de superávit, para contestar o senador cearense e dizer que são caluniosas as informações.

Ele afirma ter convidado as pessoas para irem até as galerias por meio das redes sociais, onde possui aproximadamente 700 mil seguidores, e que as manifestações foram espontâneas. “Estão citando meu nome direto porque subi lá para proteger os manifestantes da polícia, mas a verdade é que o pessoal do governo não aceita que o povo não aguenta mais e quer ir para as ruas protestar. Nossa luta agora é fazer com que nas próximas sessões os cidadãos possam acompanhar a votação, como deveria ter acontecido desde o início”, acentuou.

‘Vem pra Rua’

Na prática, os manifestantes do dia em que houve o tumulto estavam em um grupo pequeno, 26 pessoas segundo a polícia legislativa, 50 segundo parlamentares oposicionistas. E foram identificados como militantes conhecidos do DEM, do PSDB e integrantes ao Movimento “Vem Pra Rua”, que defende intervenção militar no país e o impeachment da presidenta Dilma Rousseff. O movimento também tem como referência o cantor Lobão, que foi ao plenário levado pelo líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE).

Além de pessoas já reconhecidas e que confirmaram ter viajado de Goiás e cidades do entorno do Distrito Federal até Brasília com a ajuda do deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), teve grande repercussão, ainda, a atuação da polícia legislativa do Congresso junto a uma senhora aposentada, Ruth Gomes de Sá, de 79 anos, moradora da capital do país.

Ruth, a única que prestou queixa na delegacia contra o episódio, teria resistido a sair das galerias e retornou nesta quarta-feira ao Congresso. Apesar de ter declarado ser aposentada, ela se apresenta em redes sociais como administradora de empresas, servidora do Governo do Distrito Federal e militante ativa do PSDB e de movimentos ligados aos pedidos pela volta do governo militar no país, conforme revelou a página na revista Fórum.

Assunto vencido

Lobão voltou a circular hoje pelo Congresso Nacional, e prometeu acompanhar a votação da próxima terça-feira (9), quando será votada a última emenda que falta para a aprovação em definitivo do projeto referente à alteração da meta de superávit dentro da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Hoje cedo, após o término da sessão, que durou 19 horas e acabou às 5h, o líder da oposição, deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), afirmou que os partidos oposicionistas ainda tentarão obstruir a votação da última emenda, mas reconheceu que dificilmente o projeto, já aprovado, sofrerá alguma modificação. Ele admitiu que a matéria é assunto vencido no Congresso Nacional.

O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), ressaltou por sua vez que a aprovação do projeto foi uma vitória do governo e consiste em uma iniciativa importante para o equilíbrio fiscal do país. “Em outras palavras, é uma medida que ajudará a manter o nível de emprego e a renda no Brasil”, defendeu.