silêncio

Em almoço com generais, Dilma evita falar de Comissão da Verdade

Evento de confraternização transcorre sem menções ao relatório que apontou responsabilidade das Forças Armadas em crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura

Roberto Stuckert Filho / PR

Dilma cumprimenta oficial do Exército, durante evento de fim de ano com Forças Armadas. Sem comentários sobre CNV

São Paulo – Durante encontro de fim de ano com oficiais da Marinha, Aeronáutica e do Exército, hoje (16), a presidenta Dilma Rousseff destacou investimentos do seu governo no fortalecimento das Forças Armadas, agradeceu o trabalho dos militares em eventos como a Copa do Mundo e no apoio às forças civis de segurança pública, e em momento algum fez referência ao relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), que recebeu na quarta passada (10). O documento, resultado de dois anos e sete meses de trabalho do grupo, inclui 377 agentes do Estado apontados como responsáveis por graves violações de direitos humanos durante a ditadura, entre eles os cinco generais que presidiram a República no período (1964-1985).

Mais cedo, Dilma Rousseff participou da cerimônia de apresentação de 117 oficiais-generais promovidos em 2014, igualmente sem citar o relatório da CNV. A presidenta preferiu destacar o papel das Forças Armadas na atual conjuntura republicana do país e disse que defesa e democracia andam juntas.”No Brasil de hoje, no Brasil que estamos construindo, defesa, desenvolvimento e democracia se reforçam mutuamente”, salientou, durante discurso antes do almoço com os militares, no Clube da Aeronáutica, em Brasília.

Dilma afirmou que seu governo tem atuado em duas frentes para fortalecer as Forças Armadas: na valorização dos militares e na modernização dos equipamentos, com investimentos em tecnologia. Como exemplos dessa política, a presidenta registrou a compra dos caças suecos para a Força Aérea, a recente inauguração de um estaleiro para fabricação de um submarino nuclear e a construção de um sistema integrado de monitoramento de fronteiras para o Exército.

“Essas iniciativas expressam o compromisso do Estado brasileiro com a defesa de sua soberania e o desenvolvimento nacional de uma indústria de defesa”, ressaltou.

Ao lado do vice-presidente, Michel Temer, dos ministros da Defesa, Celso Amorim, do Gabinete de Segurança Institucional, José Elito Siqueira, e dos comandantes da Marinha, Aeronáutica e do Exército, além do chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, Dilma também agradeceu o trabalho dos militares na proteção das fronteiras e na defesa da soberania do Brasil. “As responsabilidades do Estado brasileiro por sua soberania são intransferíveis. Um país pacífico não pode ser confundido com um país indefeso. A dimensão das riquezas do nosso país exige que tenhamos capacidade para protegê-las de qualquer tipo de ameaça”, ponderou.

Amorim agradeceu a confiança de Dilma por tê-lo convidado e mantido na pasta nos últimos quatro anos. Ele chegou a dizer que teve “momentos árduos” no governo, mas não citou quais. “Procurei, na medida de minhas forças, contribuir de maneira discreta e estabilizadora para a tarefa complexa, que é fazer com que as Forças atuem bem, em conjunto e que também se insiram, coordenadamente, no processo democrático que o Brasil está vivendo.”

Com reportagem da Agência Brasil


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